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A Verdadeira Igreja Ortodoxa e a Heresia do Ecumenismo


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Questões Dogmáticas e Canônicas

 

I. Princípios Eclesiológicos Fundamentais

II. Ecumenismo: uma pan-heresia sincretista

III. Sergianismo: uma adulteração da canonicidade

IV. A assim-chamada ortodoxia oficial

V. A Verdadeira Igreja Ortodoxa

VI. O retorno à Verdadeira Ortodoxia

VII. Rumo à convocação de um grande sínodo da Verdadeira Igreja Ortodoxa

 

Junho de 2014Um texto elaborado pelas Igrejas Ortodoxas Verdadeiras da Grécia e da Romênia e pela Igreja Ortodoxa Russa no Exterior

 

A Verdadeira Igreja Ortodoxa e a Heresia do Ecumenismo

Questões Dogmáticas e Canônicas

 

I. Princípios Eclesiológicos Fundamentais

 

A Verdadeira Igreja Ortodoxa tem lutado firmemente, desde o século XX, em defesa da fé contra a heresia eclesiológica do ecumenismo¹ e, além disso, não apenas contra a inovação do calendário que dele derivou, mas também, de forma mais ampla, contra o sincretismo dogmático². Esse sincretismo, inexoravelmente e de forma metódica, tem sido promovido nos níveis intercristão³ e inter-religioso⁴, cultivando de várias maneiras — e em contradição com o Evangelho — a coexistência, a mistura e a ação conjunta da Verdade e do erro, da Luz e das trevas, da Igreja e da heresia. O objetivo final é o estabelecimento de uma nova entidade: uma comunidade sem identidade de fé, o chamado “corpo de crentes” (body of believers).

Na sua luta para confessar a Fé, a Verdadeira Igreja Ortodoxa tem aplicado e continua a adotar e aplicar os seguintes princípios fundamentais da eclesiologia ortodoxa:⁵


1.    O critério primordial para a condição de membro da Igreja de Cristo é a “correta e salvadora confissão da Fé”⁶, ou seja, a verdadeira, exata e não inovadora Fé Ortodoxa. É “sobre esta rocha” (da correta confissão) que o Senhor edificou Sua Santa Igreja⁷.


2.    Esse critério é válido tanto para indivíduos ou fiéis quanto para Igrejas locais inteiras.


3.    A Catolicidade da Igreja de Cristo, sempre em relação à Sua Unicidade, Santidade e Apostolicidade⁸, é uma característica qualitativa e interna⁹, e não quantitativa e externa¹⁰. Esse é um atributo fundamental da Igreja, que expressa, por um lado, a integridade e a plenitude da Verdade que Ela prega, independentemente de suas dimensões demográficas e geográficas, e, por outro lado, a autenticidade e a completude dos meios providenciados para a cura e deificação da natureza humana caída.


4.    É com base nessa correta confissão que se fundamenta a comunhão Misteriológica (“Sacramental”)¹¹ dos fiéis com Cristo e entre si, como consumação da unidade existente na fé. A comunhão nos Mistérios é, portanto, um objetivo e um fim, e não um meio para alcançar essa unidade. Ou seja, a unidade na correta confissão precede a comunhão nos Mistérios.


5.    Todos os cristãos piedosos que mantêm uma confissão Ortodoxa, para serem membros vivos da Igreja, devem, sem exceção, estar em comunhão Misteriológica entre si, visto que a comunhão na Fé e a comunhão nos Mistérios (“Sacramentos”), indissoluvelmente ligadas na vida dos fiéis, concretizam e estabelecem o único e verdadeiro Corpo de Cristo.


6.    A adesão inabalável à correta confissão, bem como a sua defesa a todo custo, é uma questão de máxima importância soteriológica¹². Por essa razão, nossos Santos Padres confessaram e defenderam com valentia a nossa Santa Fé Ortodoxa, tanto em palavras quanto em ações e até mesmo com seu próprio sangue. Eles fizeram isso em nome da Igreja Católica Ortodoxa e por sua própria existência.


7.    Todos aqueles que pregam ou agem contrariamente à correta confissão são separados, como hereges, da Verdade da Fé e excluídos da comunhão com a Igreja Católica Ortodoxa, sejam indivíduos ou comunidades, mesmo que continuem a funcionar formal e institucionalmente como supostas Igrejas e sejam tratados como tais.


“Aqueles que não pertencem à Verdade não pertencem à Igreja de Cristo; e ainda mais se falsamente se chamam, ou chamam uns aos outros, de santos pastores e hierarcas. Pois nos foi ensinado que o Cristianismo não é caracterizado por pessoas, mas pela verdade e precisão da Fé” (São Gregório Palamas)¹³.


8.    A unidade da Igreja na Verdade da Fé e na comunhão dos Mistérios, concedida do alto pelo Pai, através do Filho e no Espírito Santo, é inequivocamente Cristocêntrica e Eucarística. Ela é vivida como uma assembleia e concelebração perene no espaço e no tempo “com todos os Santos”¹⁴, pois tem como seu garantidor o Bispo Ortodoxo (fiel crente), que, pela Graça Divina, é o portador da “tradição da Verdade” (São Irineu de Lyon)¹⁵.


9.    Cada Bispo Ortodoxo, como “participante dos caminhos e sucessor dos tronos” dos Santos Apóstolos, como Pai da Sínaxis Eucarística, como Mestre do Evangelho da Verdade e como Servo do amor na verdade, à imagem e semelhança de Cristo, expressa, encarna e salvaguarda a perene Catolicidade da Igreja. Ou seja, ele mantém a unidade da Igreja com Cristo e, ao mesmo tempo, a unidade em Cristo de todas as Igrejas locais que existiram, existem e existirão como o Único Corpo de Cristo.


“O que é o ‘um só corpo’? Os fiéis de todo o mundo que são, foram e serão” (São João Crisóstomo)¹⁶.


10. Todo Bispo que proclama “heresia publicamente” e “descaradamente na Igreja”¹⁷, que ensina “outro Evangelho além daquele que recebemos”¹⁸ ou que mantém comunhão sincretista com pessoas de outras crenças ou religiões, fazendo isso de forma persistente e contínua, torna-se um “falso bispo e um falso mestre” (Cânon XV do Primeiro-Segundo Sínodo). Além disso, os Bispos que comungam com ele, sendo indiferentes, tolerando ou aceitando sua mentalidade e suas declarações, “são destruídos juntamente com ele” (São Teodoro Estudita), deixando assim de ser canônicos¹⁹ ou de estar em comunhão²⁰ com a Igreja. Isso ocorre porque a Catolicidade da Igreja, sua unidade e sua genuína Sucessão Apostólica — que garantem infalivelmente o status canônico de um Bispo e sua comunhão com a Igreja — são fundamentadas, derivam e são preservadas pela “correta e salvífica confissão da Fé.”

 

 

II. Ecumenismo: uma pan-heresia sincretista

 

1.    O ecumenismo, como conceito teológico, movimento social organizado e empreendimento religioso, constitui a maior heresia de todos os tempos e uma abrangente²¹ pan-heresia²²; a heresia das heresias e a pan-heresia das pan-heresias; uma anistia para todas as heresias, sendo verdadeiramente e de fato uma pan-heresia. Ele é o adversário mais insidioso das Igrejas Ortodoxas locais, bem como o inimigo mais perigoso da salvação do homem em Cristo, uma vez que é impossível que a Verdade e a Vida em Cristo existam em unidade soteriológica inquebrantável dentro de seus limites sincretistas.


2.    O ecumenismo surgiu do mundo protestante (a partir do século XIX) e promove a relativização²³ da verdade, da vida e da salvação em Cristo, negando, em essência, a Catolicidade e a Unicidade da Igreja. Ele se baseia em teorias errôneas, como a da “Igreja invisível” com fronteiras indefinidas, cujos membros supostamente podem pertencer a diferentes “Confissões” e sua variação conhecida como “teoria dos ramos”. Segundo essa teoria, as diferentes “Confissões” cristãs seriam supostamente ramos da mesma árvore da Igreja, cada uma possuindo parte da Verdade e, juntas, formando a totalidade da Igreja.


3.    Apesar da diversidade de teorias que o ecumenismo produziu, seu objetivo principal é o cultivo da coexistência sincretista (concorrência) e da cooperação (ação conjunta) — e, além disso, da fusão — primeiro entre todas as denominações cristãs e “Confissões” (ecumenismo intercristão) e, posteriormente, entre todas as religiões (ecumenismo inter-religioso). Essa abordagem, que é contrária ao Evangelho, leva inevitavelmente à criação de um corpo de crentes unificado, uma espécie de pan-religião, que pavimentaria o caminho para a vinda da tribulação dos últimos tempos, ou seja, a “era do iníquo²⁴, o Anticristo.


4.    Devido ao seu caráter sincretista, o ecumenismo está estreitamente ligado à maçonaria, que se promove como religiosamente tolerante, amigável e aberta a heresias e religiões. Na prática, a maçonaria tem se revelado uma religião — ou até mesmo uma super-religião — que contribui direta e indiretamente para o avanço da visão ecumenista. Seu objetivo final é a criação de uma plataforma inclusiva para todas as crenças e religiões, na qual a Verdade revelada será completamente relativizada e colocada no mesmo nível de toda e qualquer ilusão ou crença humana e demoníaca.


5.    O ecumenismo começou a assaltar a Igreja Ortodoxa Católica²⁵ com o pôr do sol do século XIX, por meio de uma Proclamação Sinodal de 1920, vinda do Patriarcado de Constantinopla, intitulada “Às Igrejas de Cristo em toda parte”. Esse documento é, por consenso geral, a “carta fundadora do ecumenismo”, a qual ele proclama abertamente, pois caracteriza as heresias do Ocidente e de outras partes do mundo como, supostamente, “veneráveis Igrejas Cristãs” e não mais como “estranhas e estrangeiras”, mas sim como “parentes em Cristo e ‘coerdeiros, co-membros do Corpo e participantes da promessa de Deus em Cristo’”²⁶. Como primeiro passo para sua implementação, essa proclamação propôs o uso de um calendário comum para a celebração simultânea das festividades pelos ortodoxos e pelos heterodoxos.


6.    Como parte da implementação dessa proclamação ecumenista e seguindo as decisões não canônicas do Congresso Anti-Ortodoxo de Constantinopla em 1923, foi adotado o chamado Calendário Juliano Corrigido (Revisado), que, na realidade, é essencialmente o Calendário Gregoriano (Papal). No entanto, desde seu surgimento no Ocidente (em 1582), esse calendário já havia sido censurado e condenado como uma inovação papal desastrosa por três Sínodos Pan-Ortodoxos no Oriente (1583, 1587 e 1593). As decisões desses sínodos permanecem em vigor até hoje e continuam sendo um peso para os inovadores que se encontram em cisma.


7.    A inovação do calendário, introduzida em 1924 na Igreja da Grécia, no Patriarcado de Constantinopla e na Igreja da Romênia, e posteriormente, de forma gradual, em outras Igrejas locais, entra em conflito com a Catolicidade da Igreja Ortodoxa. Isso ocorre tanto pelo modo como foi implementada (de forma unilateral e não canônica) quanto pelo seu objetivo (ecumenista e sincretista), desferindo um golpe mortal na manifestação externa e na expressão do Único Corpo da Igreja em todo o mundo, que se concretiza, entre outras coisas, por meio de um Calendário Festivo uniforme.


8.    A Santa Igreja Ortodoxa Católica, por meio de Sua suprema autoridade sinodal, expressou Sua vontade permanente e imutável de que Sua unidade seja igualmente manifestada através da celebração comum, por todos os cristãos, da maior das Festas: a Santa Páscoa (chamada erroneamente de “Easter” no Ocidente). Para tanto, estabeleceu de forma definitiva, no Primeiro Sínodo Ecumênico de 325, a regra eterna para a determinação da Páscoa, conhecida como o Cânon Pascal (ou Pascalion).


9.    Este ato sinodal, essencialmente profundo em termos eclesiológicos e dogmáticos, estabeleceu como base para a determinação da Santa Páscoa o equinócio vernal, que, como uma data firmemente fixada pela Igreja, passou a ser convencionalmente definido como 21 de março no Calendário Juliano então em uso. Dessa forma, esse calendário foi consagrado como o Calendário da Igreja e como o eixo do ciclo anual do Calendário Festivo Ortodoxo. Com esse fundamento, a harmonização dos calendários das Igrejas Ortodoxas locais, que antes seguiam sistemas diferentes, foi gradualmente realizada até o século VI.


10. Os Santos Padres do Primeiro Sínodo Ecumênico em Niceia expressaram, por inspiração divina, mas também profeticamente, o espírito antissincretista da Igreja ao “não celebrar as festas junto com os judeus” e, por extensão, não aspirar à concelebração com hereges. Dessa forma, preservaram a unidade externa e visível do único Corpo da Igreja e estabeleceram as fronteiras entre a Verdade e a heresia. Isso está totalmente em contraste com a censurável reforma do calendário de 1924, cujo objetivo era concelebrar com os heterodoxos do papismo pan-heresiarca e do protestantismo, a fim de tornar visível uma suposta unidade invisível entre eles e a Ortodoxia.



11. Os ecumenistas ortodoxos²⁷, especialmente os mais extremistas, tendo sofrido os efeitos perniciosos do sincretismo corrosivo, acreditam que a Única, Santa, Católica e Apostólica Igreja de Cristo supostamente perdeu sua catolicidade devido a conflitos e divisões teológicas e culturais. Assim, propõem e buscam sua reconstituição por meio de uma união baseada no compromisso entre as partes divididas, Ortodoxos e hereges, o que supostamente restauraria a comunhão eucarística, sem, no entanto, uma confissão comum de Fé — um modelo evidentemente inspirado na União de Brest (Unia).

Outros ecumenistas mais moderados contentam-se em incluir os heterodoxos entre os ortodoxos, falando “em nome de todo o Corpo da Igreja”, alegando que os heterodoxos estariam dentro dos limites da Igreja. Esses ecumenistas, defensores da “Igreja ampla” ou da “Igreja em um sentido mais amplo”, não consideram as fronteiras carismáticas e canônicas da Igreja²⁸ como equivalentes. Dessa forma, eles reconhecem e afirmam a existência de “Igrejas”, “Graça Divina” e até “salvação” mesmo fora dos limites da Verdade e da Verdadeira Igreja Ortodoxa (ecclesia extra ecclesiam, extra muros — “uma igreja fora da Igreja, fora dos muros [da Igreja]”).


12. A participação dos ecumenistas ortodoxos no chamado Conselho Mundial de Igrejas (de 1948 em diante), e também em outras organizações ecumênicas, constitui uma negação prática da Igreja Ortodoxa como a plenitude da Verdade e salvação em Cristo. Isso ocorre porque uma condição básica para a participação organizacional nesses corpos interconfessionais é, em essência, a negação, embora tácita, da existência da autêntica catolicidade eclesiástica nos dias de hoje, bem como o reconhecimento da necessidade de reconstituir uma catolicidade genuína, isto é, da necessidade, supostamente, de refundar a Igreja.


13. No cerne dessas concepções não ortodoxas e totalmente novas estão a chamada “teologia do Batismo”, o sincretismo dogmático, a abolição das “fronteiras” da Igreja, o reconhecimento da “irmandade ecumênica”, a teoria das “Igrejas Irmãs” (ou seja, das Igrejas não ortodoxas como “Igrejas Irmãs”), a chamada “teologia dos dois pulmões da Igreja”, a teoria da “Igreja ampla”, a “superação da heresiologia antiga”, além de diversas outras crenças errôneas que gradualmente levaram os ecumenistas ortodoxos a negar a exclusividade eclesiológica e soteriológica da Igreja Ortodoxa e até a reconhecer sinodalmente as comunidades heterodoxas e seus mistérios; a oração conjunta com elas e, de fato, aos mais altos níveis, a oferecer-lhes os Mistérios; a assinatura de declarações e pronunciamentos conjuntos em direção a um testemunho comum com elas; e, também, o reconhecimento da necessidade de um serviço comum ao mundo, como supostamente responsáveis (Ortodoxia e heresia), pela sua salvação.


14. Por meio de tudo isso, ocorreu uma distorção completa do significado do amor evangélico, praticado na Verdade e através da Verdade; uma profunda e crescente mistura sincrética enraizou-se; em nome de uma forma espúria de economia, mantém-se uma atitude de inclusividade e reciprocidade em relação à heterodoxia; [e] surgiu uma mistura de coisas imiscíveis; emergiu uma união substancial entre os ecumenistas de todas as vertentes, um corpo de crentes, não, claro, na única Verdade da Igreja Católica Ortodoxa, mas com base em uma visão humanista nebulosa, sem qualquer dimensão missionária ou qualquer chamado aos que erram para um retorno em arrependimento à Casa do Pai, isto é, à Única, Santa, Católica e Apostólica Igreja.

 

 

III. Sergianismo: uma adulteração da canonicidade

 

1.    Outro fenômeno e movimento relacionado ao ecumenismo, igualmente possuidor de uma dimensão eclesiológica, é o chamado Sergianismo, que, nas circunstâncias sem precedentes da perseguição à Igreja na antiga União Soviética, por meio da ação do caído e comprometido Sergius Stragorodsky (†1944), originalmente Metropolita e, posteriormente, Patriarca de Moscou, se entregou aos bolcheviques ateus e à sua luta contra Deus, oferecendo uma organização eclesiástica externamente correta, para que, nas mãos dos revolucionários, ela se tornasse uma ferramenta involuntária em sua guerra implacável contra a própria Igreja, como portadora da plenitude da Verdade em Cristo.


2.    Sergianismo não é um fenômeno exclusivamente soviético, pois causou danos severos às Igrejas Ortodoxas locais nos países do Leste Europeu, onde, após aSegunda Guerra Mundial, regimes comunistas ateus e anticristãos foram estabelecidos.


3.    A essência do Sergianismo é a adoção da ilusão de que a decepção poderia ser usada como meio para preservar a Verdade e, igualmente, que a colaboração com os inimigos e perseguidores da Igreja seria o caminho para garantir sua sobrevivência; na prática, porém, ocorreu exatamente o oposto: os Bispos Sergianistas tornaram-se ferramentas dos comunistas ateus para exercer controle sobre a Igreja, com o fim de enfraquecê-la moral e espiritualmente, visando ao seu desmantelamento e aniquilação final.


4.    No nível da eclesiologia, o Sergianismo distorceu completamente o conceito de canonicidade eclesiástica ortodoxa, pois, no domínio do Sergianismo, a canonicidade foi essencialmente separada do espírito e da Verdade da verdadeira tradição canônica da Igreja, assumindo, assim, uma adesão formal à legitimidade, que poderia ser usada para justificar qualquer ato de ilegalidade cometido pela Hierarquia dominante; de fato, no final das contas, tal verniz de canonicidade degenerou-se em uma técnica administrativa para subordinar o povo da Igreja à Hierarquia Sergianista, independentemente da direção para a qual ela conduzia os fiéis.


5.    Após o colapso dos regimes anticristãos no final do século XX, o grave desvio eclesiológico do Sergianismo, nas novas condições de liberdade política, foi preservado como um legado do passado e, ao mesmo tempo, mudou sua forma.


6.    O Sergianismo anti-eclesiástico, já incorporando há muito tempo um espírito mundano, falta de escrúpulos, engano e uma servilidade patológica em relação aos poderosos deste mundo, continua a trair a Igreja, não mais por medo de represálias dos governantes ateus, mas por motivos egoístas e secularistas e sob o manto de uma suposta canonicidade, ainda negociando a liberdade da Igreja em troca da amizade dos poderosos deste mundo, com todos os benefícios materiais concomitantes e, sem dúvida, o prestígio social.


7.    Hoje, o vírus do Sergianismo, nesta forma modificada, como neo-Sergianismo ou pós-Sergianismo e também em outras formas de controle estatal sobre as Igrejas, afeta, em certo grau, uma grande parte do Episcopado das Igrejas Ortodoxas locais oficiais ao redor do mundo, contribuindo assim para a promoção de um ecumenismo igualmente secularista e sincrético, sob a capa de uma falsa canonicidade.


8.    Os fiéis, tanto o clero quanto os leigos, que possuem uma consciência dogmática e canônica saudável, devem manter uma postura autêntica patrística diante de fenômenos e movimentos que têm significado eclesiológico e soteriológico, como o ecumenismo e o Sergianismo, e especialmente quando esses fenômenos se tornam sistematicamente enraizados e amplamente disseminados, mesmo que não alcancem uma expressão doutrinal clara, ainda assim penetram e se espalham pelo Corpo da Igreja de maneira insidiosa e corrosiva; ou seja, quando são ativamente adotados ou passivamente permitidos por todos os Bispos de uma ou mais Igrejas locais.


9.    Em tais casos, a essência da luta contra esses fenômenos anti-evangélicos, anti-ortodoxos e degenerativos não é simples e unicamente uma posição opcional no contexto de alguma pretendida economia, mas, antes, trata-se de uma obrigação de romper imediatamente a comunhão eclesiástica com um Bispo ou uma Hierarquia que introduza heresia na Igreja de maneira conciliar, seja pregando-a, seja contribuindo para sua disseminação por meio do silêncio, passividade ou indiferença (Cânon XV do Sínodo Primeiro-Segundo).


10. Isolar-se dos Pastores caídos, que a partir de então são caracterizados como “falsos bispos” e “falsos mestres”, é uma obrigação vinculante para os verdadeiros Ortodoxos em tempos de heresia, para a preservação da unicidade, unidade e catolicidade da Igreja, para um testemunho confessional da Fé e para um chamado salvífico ao arrependimento, de caráter missionário, dirigido àqueles que se desviaram e àqueles que comungam com eles.

 

 

IV. A assim-chamada Ortodoxia Oficial

 

1.    O significado do termo “Ortodoxia oficial” está intimamente relacionado com os conceitos de “Igreja oficial” e “Igrejas locais oficiais”.


2.    A “Ortodoxia oficial” é aquela ideologia peculiar das chamadas Igrejas locais oficiais, representando uma Ortodoxia cada vez mais morna29, que, por meio da implementação das inovações eclesiológicas e canônicas previstas pela mencionada Proclamação Patriarcal de 1920, foi progressivamente conduzida a um estranhamento da Ortodoxia autêntica.


3.    Em 1924, o primeiro passo importante rumo à implementação desse distanciamento premeditado e metódico da Ortodoxia autêntica foi realizado com a introdução do calendário papal em algumas das Igrejas locais, que, com o tempo, se expandiu a ponto de, em alguns casos, até mesmo ser aceita a Páscoa papal, em flagrante violação do Decreto do Primeiro Sínodo Ecumênico.


4.    “Igreja oficial” é o nome dado pelos fiéis da Igreja Russa das Catacumbas à Igreja do Estado, isto é, à Igreja reconhecida e totalmente dependente do regime ateísta soviético, que evoluiu para o notoriamente Sergianista e ecumenista Patriarcado de Moscou.


5.    Hoje, os termos “Igreja oficial” e “Igrejas locais oficiais” designam as bem conhecidas Igrejas locais historicamente formadas, cuja liderança hierárquica aceita oficialmente e participa sinodalmente no movimento ecumênico, promove, permite ou tolera-o como conceito teológico e como empreendimento religioso, escondendo-se sob o manto da suposta canonicidade, conforme entendido pelo Sergianismo e adota — direta ou indiretamente — muitas outras formas de apostasia da Ortodoxia (veja-se fenômenos corrosivos como a adulteração dos Mistérios e especialmente do rito do Batismo, reformas litúrgicas sob o disfarce de “renovação litúrgica”, a recém-criada “teologia pós-patrística”, que, em nível oficial, está promovendo uma profunda infiltração do ecumenismo sincretista nas escolas teológicas universitárias em particular, a perda dos critérios eclesiásticos para a Glorificação dos Santos, várias formas de secularização e alteração do ethos autêntico da Igreja, a adoção de uma interpretação anti-patrística da economia eclesiástica etc.).


6.    Todas essas chamadas Igrejas oficiais agora se uniram de forma decisiva, firme e impenitente no processo de apostasia sincrética de tipo Sergianista e ecumenista, um processo anti-eclesiástico e não canônico, promovido ou permitido sinodalmente por suas Hierarquias, com o qual a Igreja Ortodoxa Verdadeira, consistente com seus princípios eclesiológicos sobre “falsos bispos” e “falsos mestres”, não pode ter nenhuma comunhão oracional, Misteriológica ou administrativa de qualquer forma.

 

 

V. A Verdadeira Igreja Ortodoxa

 

1.    A Verdadeira Igreja Ortodoxa inclui em Seu seio e une no Pai, através do Filho, e no Espírito Santo, a maior parte do clero e laicato piedoso das Igrejas Ortodoxas locais que reagiram de forma resoluta à proclamação da heresia “eclesiicida” do ecumenismo e às suas imediatas aplicações práticas, bem como ao anti-eclesiástico Sergianismo, rompendo toda a comunhão com os inovadores ecumenistas e os Sergianistas.


2.    Os fiéis defensores, na Rússia, do legado do Santíssimo Patriarca Tikhon (†1925) não reconheceram a Igreja estabelecida ou o Sergianismo (de 1927 em diante), preferindo sofrer perseguições e se refugiar nas catacumbas, mostrando assim Mártires e Confessores da Fé, enquanto outra parte, que partiu da Rússia e formou uma administração eclesiástica na diáspora, produziu igualmente Confessores e figuras Santas, de reputação e distinção mundial.


3.    Na Grécia, Romênia, Chipre, Bulgária e em outros lugares, grupos coesos de pessoas rejeitaram a inovação do calendário de 1924 e a heresia do ecumenismo, igualmente preferindo as perseguições e produzindo Mártires e Confessores da Fé, mostrando assim fidelidade às sagradas Tradições dos Santos Pais da Igreja. Além disso, através de milagres impressionantes e maravilhosos, como a aparição da Preciosa e Vivificante Cruz em Atenas (14 de setembro de 1925 [Estilo Antigo]), nosso Senhor encorajou e recompensou o zelo piedoso destes, Seus verdadeiros filhos.


4.    Após a introdução da inovação do calendário na Grécia em 1924, aqueles que permaneceram fiéis às Tradições dos Pais começaram a usar o título de “Verdadeiros Cristãos Ortodoxos” ou “Genuínos Cristãos Ortodoxos” e os Cristãos Ortodoxos das Catacumbas na Rússia, os chamados Tikhonitas, fizeram o mesmo 30.


5.    No entanto, de lugar para lugar e de tempo em tempo, várias outras denominações foram usadas para aqueles que rejeitaram a inovação do calendário de 1924 e a heresia do ecumenismo, mas que sempre se situaram dentro dos limites da verdadeira mentalidade e ethos Evangélico da Igreja e, além disso, da ordem legítima e canônica31, possuindo uma genuína e ininterrupta Sucessão Apostólica, e que, certamente, em sua totalidade, constituem a Verdadeira Igreja Ortodoxa, que, no seguimento da crescente partida dos ecumenistas do caminho da Verdade, é a autêntica continuadora da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica em nossa era contemporânea.


6.    A estrutura episcopal, que é dogmaticamente necessária para a constituição e continuidade das Igrejas Ortodoxas locais Verdadeiras, foi garantida, pela Graça de Deus, seja por Hierarcas provenientes dos inovadores (Calendário Novo), que se uniram a elas, após uma confissão de Ortodoxia, ou pela Consagração de Bispos por uma autoridade eclesiástica Ortodoxa Verdadeira na diáspora, que possuía uma Sucessão Apostólica indisputável, e assim, a Sucessão Apostólica e a canonicidade da Verdadeira Igreja Ortodoxa estão comprovadas e asseguradas, inquestionáveis e incontestáveis, sendo confirmadas por sinais de Deus.

 

 

 

VI. O retorno à Verdadeira Ortodoxia

 

1.    Na aceitação³² de hereges e cismáticos arrependidos, os Concílios Ecumênicos e locais da Igreja, de tempos em tempos, além do princípio da exatidão, aplicaram o chamado princípio da economia, ou seja, uma prática canônica e pastoral³³, segundo a qual pode haver uma divergência temporária da letra dos Cânones Sagrados, sem violar seu espírito.


2.    No entanto, a economia certamente nunca pode, sob nenhuma circunstância, permitir o perdão de qualquer pecado ou qualquer concessão no que diz respeito à “correta e salvífica confissão da F锳⁴, uma vez que a economia visa clara e exclusivamente, num espírito de acomodação caridosa, facilitar a salvação das almas, pelas quais Cristo morreu.


3.    A aplicação da economia na recepção de hereges e cismáticos à comunhão com a Igreja de modo algum significa que a Igreja reconhece a validade e a realidade de seus mistérios, que são celebrados fora de seus limites canônicos e carismáticos³⁵.


4.    A Santa Igreja Ortodoxa nunca reconheceu — em um sentido absoluto e, por assim dizer, à distância — seja pela exatidão, seja pela economia, os mistérios realizados fora Dela³⁶, uma vez que aqueles que celebram ou participam desses mistérios permanecem no seio de sua comunidade herética ou cismática.


5.    Através da aplicação da economia, exclusiva e unicamente, na recepção de indivíduos ou comunidades de fora Dela, em arrependimento³⁷, a Igreja Ortodoxa aceita apenas a forma externa do mistério de hereges ou cismáticos — desde que, naturalmente³⁸, essa forma tenha sido preservada sem adulteração, especialmente no que diz respeito ao Batismo —, mas confere vida a essa forma por meio da Graça do Espírito Santo, que existe Nela através daqueles que são portadores de Sua plenitude na Verdade de Cristo, ou seja, os Bispos Ortodoxos.


6.    Mais especificamente, no que se refere aos Mistérios celebrados nas chamadas Igrejas Ortodoxas oficiais, a Verdadeira Igreja Ortodoxa não fornece garantia³⁹ quanto à sua validade ou eficácia soteriológica, em particular para aqueles que comungam "conscientemente" [deliberadamente]⁴⁰ com o ecumenismo sincrético e com o sergianismo, ainda que nem sempre repita a forma externa desses Mistérios para aqueles que entram em comunhão com Ela em arrependimento, antecipando-se à convocação de um Grande Concílio da Verdadeira Ortodoxia, com o objetivo de ratificar o que já ocorreu a nível local⁴¹.


7.    É certo, em qualquer caso, que quando a pureza do dogma da Igreja é atacada e o vínculo inquebrantável entre confissão, catolicidade e comunhão é enfraquecido ou até mesmo completamente rompido, as consequências mistériológicas e soteriológicas, claramente previstas pela Tradição Apostólica, Patrística e Sinodal, são muito sérias e graves⁴².


8.    Considerando que São Basílio, o Grande, embora se declare a favor da exatidão, aceita, ainda assim, o uso da economia em relação a certos hereges e cismáticos (Primeiro Cânon), é importante notar que a Santa Igreja Ortodoxa sancionou sinodalmente o uso da economia para “aqueles que estão se unindo à Ortodoxia e à porção dos salvos”, como é evidente no famoso Cânon XCV do Santo e Ecumênico Concílio Quinissexto (Concílio de Trullo), pelo qual diferentes hereges e cismáticos são recebidos de diferentes formas, seja somente por arrependimento, um certificado de fé (λίβελλος) e Confissão — como no caso dos nestorianos e monofisitas, já condenados séculos antes —, pela Crismação, ou pelo Batismo.


9.    Tendo em vista tudo o que foi exposto anteriormente e as condições particulares em cada Igreja local, a Igreja Ortodoxa Verdadeira lida com especial cuidado com qualquer clérigo ou leigo das chamadas Igrejas Ortodoxas oficiais que desejam entrar em comunhão com Ela, estando preocupada—no exercício de Sua solicitude pastoral por eles—com o que é absolutamente essencial, ou seja, que procedam em sua escolha livre, conscienciosa e responsável.


10. Como regra geral, monásticos e leigos dessas Igrejas, que foram definitivamente batizados de acordo com o rito Ortodoxo43, são recebidos em comunhão através da unção (Χρῖσμα) por meio de uma ordem especial, juntamente, é claro, com o Mistério da Sagrada Confissão, enquanto os clérigos apresentam uma petição escrita e, desde que esta seja aprovada, são recebidos em comunhão da mesma maneira, também através de uma Ordem especial da Imposição de Mãos (Χειροθεσία), especificamente compilada para tais casos.


11. Entende-se que, de acordo com as idiossincrasias de diferentes lugares e diferentes casos, para a aplicação de uma ordem mais leniente ou mais estrita, uma decisão deve ser tomada pelo Bispo local com base em critérios sinodais estabelecidos ou por um Sínodo competente, conforme São Cipriano de Cartago:


“Nesta questão não coergimos nem impomos uma lei a ninguém, pois cada Prelado tem liberdade de vontade na administração da Igreja e terá que prestar contas de suas ações diante do Senhor.”44


12. Um Sínodo Geral Maior, de autoridade Pan-Ortodoxa, poderia decretar os critérios gerais e as pré-condições para a prática de receber aqueles que retornam à Igreja Ortodoxa Verdadeira de várias comunidades cismáticas e heréticas inovadoras.

 

 

VII. Rumo à convocação de um grande sínodo da Verdadeira Igreja Ortodoxa

 

1.    No século XX, os Hierarcas Ortodoxos Verdadeiros, sempre que isso fosse possível, emitiram condenações sinodais, em nível local, tanto do Ecumenismo quanto do Sergianismo e da Maçonaria.


2.    A título de exemplo, citamos as condenações do ecumenismo pelo Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa no Exterior em 1983 e pela Igreja dos Verdadeiros Cristãos Ortodoxos da Grécia em 1998; assim como a condenação do Sergianismo pela Igreja Russa das Catacumbas e pela Igreja Ortodoxa Russa no Exterior em diferentes épocas; e finalmente, a condenação da Maçonaria pela Igreja dos Verdadeiros Cristãos Ortodoxos da Grécia em 1988.45


3.    Essas censuras sinodais, especialmente da heresia do ecumenismo, são, sem dúvida, passos importantes na direção certa para a convocação de um Sínodo Geral dos Ortodoxos Verdadeiros, que, com autoridade ampliada, tomará decisões sobre a inovação do calendário e o ecumenismo sincrético, que contradiz o Evangelho.


4.    O que é necessário hoje, com base em uma confissão comum e correta da Fé, é a união no Corpo comum de todas as Igrejas locais dos Ortodoxos Verdadeiros, com o propósito de criar as condições antecedentes para a reunião e convocação de um Grande Sínodo Geral dessas Igrejas, com autoridade e escopo Pan-Ortodoxos, para tratar eficazmente da heresia do ecumenismo, assim como do sincretismo em suas diversas formas e para a resolução de vários problemas e questões de natureza prática e pastoral, que dela decorrem e que dizem respeito à vida da Igreja em geral e dos fiéis em particular, para que o vínculo de paz e amor em Cristo seja assegurado.


5.    Esta necessidade torna-se compreensível a partir do fato de que a Igreja Verdadeira, como o real Corpo de Cristo, é, por Sua própria natureza, Católica na plenitude da Verdade, Graça e salvação, e que, por meio de Seus Bispos, Ela emite declarações sinodais frente aos ensinamentos heterodoxos e o escândalo global que deles deriva; assim, Ela deve buscar, por um lado, a articulação das Verdades da Fé, para a delimitação da Verdade em contraste com a falsidade, e, por outro lado, a denúncia e condenação do erro e da corrupção que provêm da heresia e dos hereges, para a proteção do Rebanho, confirmando e proclamando a já existente degradação dos hereges.


6.    Assim, em um Grande Sínodo Geral da Igreja Ortodoxa Verdadeira, é necessário que seja proclamada a toda a criação, por um lado, a Única Esperança que existe entre nós na Igreja Verdadeira como o único caminho para sair de todos os impasses “pelo bem daqueles que herdarão a salvação”,46 e, por outro lado, a antítese completa e definitiva entre a Ortodoxia e o sincretismo de uma vertente ecumenista e sergianista como mutuamente exclusivas, para a glória do Pai e do Filho e do Espírito Santo, pelas intercessões da Mãe de Deus, dos Apóstolos e dos Pais.


7.    Que sejamos dignos, no futuro próximo, de seguir os Santos Padres e os Sínodos Santos, preservando a Fé entregue a nós uma vez por todas47, para proclamar, com os Padres do Sínodo Pan-Ortodoxo de 1848:

“‘Mantenhamos firmemente a Confissão’48 que recebemos sem adulteração..., abominando toda novidade como uma sugestão do Diabo. Quem aceita uma novidade reprova com deficiência a Fé Ortodoxa que foi pregada. Mas essa Fé já foi selada em sua completude, não admitindo diminuição, aumento ou qualquer alteração; e quem ousar fazer, sugerir ou pensar tal coisa já negou a fé em Cristo.”49

 

Ao Doador do Começo e do Fim, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, a única Divindade de Todos, seja a glória, o domínio e a honra, agora e sempre, e pelos séculos dos séculos. Amém!


 

Notas

 

  1. “Ecumenismo”: Os termos “ecumenismo” e “movimento ecumênico” derivam da palavra grega Οἰκοσμένη, que tem origem nos termos οἶκος (casa) e οἰκῶ (eu habito).

A palavra οἰκοσμενικός foi introduzida na terminologia eclesiástica na era dos Padres da Igreja com um significado ortodoxo (Concílio Ecumênico, Padre Ecumênico, Símbolo de Fé Ecumênico etc.).

No século XX, surgiram os termos técnicos “ecumenismo” e “movimento ecumênico”, que carecem de qualquer significado ortodoxo, pois estão ligados ao esforço de unificação dos cristãos divididos em todo o mundo (Οἰκοσμένη), com base em uma eclesiologia errônea e herética.


  1. “Sincretismo” (σσγκρητισμός): Derivado do verbo σσνκρητίζω (σσν-κρητίζω, Κρὴς-Κρητικός).

Embora tivessem diferenças entre si, os antigos cretenses se uniam contra um inimigo comum em tempos de guerra.

O termo “sincretismo” denota a fusão de elementos de diferentes origens (religiões, formas de culto, ideologias, doutrinas, confissões etc.) com o objetivo de criar algo novo, sem uma verdadeira ou essencial união.


  1. “Intercristão”: Refere-se ao que envolve duas ou mais confissões cristãs que participam de um diálogo sincretista com o objetivo de união.


  2. “Inter-religioso”: Refere-se ao que envolve duas ou mais religiões que participam de um diálogo sincretista com o objetivo de união.


  3. “Eclesiologia”: ramo da teologia dogmática que trata dos assuntos relacionados à natureza e essência da Igreja, como o Corpo de Cristo.


  4. “Sobre a Vida e o Combate de Nosso Santo Pai Máximo, o Confessor”, §24, Patrologia Græca, Vol. XC, col. 93D.


  5. São Mateus 16:18.


  6. Esta referência à Catolicidade, Unicidade, Santidade e Apostolicidade da Igreja baseia-se no artigo relevante do Símbolo da Fé: “Na Una, Santa, Católica e Apostólica Igreja.” Estes são os principais atributos da Igreja Ortodoxa.


  7. “Interno”: uma característica que se refere à natureza ou essência interior da Igreja, Sua relação com Cristo, através do Pai, no Espírito Santo.


  8. “Uma característica qualitativa e interna, e não quantitativa e externa”: o ponto das antíteses “qualitativo-quantitativo” e “interno-externo” é enfatizar a dimensão qualitativa da Catolicidade, já que é confessado no Símbolo da Fé que a Verdadeira e Única Igreja é Católica, principalmente porque Ela contém a Verdade revelada e os meios de salvação (a dimensão qualitativa e interna) em sua totalidade. Consequentemente, neste caso, o conceito de Catolicidade da Igreja é completamente idêntico ao conceito de Ortodoxia (fé correta, visão correta [υρόνημα], Fé correta).


  9. “Comunhão Misteriológica ('Sacramental')”: a comunhão dos fiéis com Cristo e entre si através do Mistério da Divina Eucaristia.


  10. “Soteriologia”: ramo da teologia dogmática que trata da salvação da humanidade por nosso Salvador Jesus Cristo.

“Soteriológico”: aquilo que diz respeito à soteriologia, a salvação da humanidade.


  1. “Refutação da Carta do Patriarca Inácio de Antioquia”, §3, em Panagiotes K. Chrestou (ed.), Γπηγοπίος ηοῦ Παλαμᾶ Σςγγπάμμαηα [As obras de Gregório Palamas], Vol. II (Thessalonike: 1966), p. 627.


  2. “Uma assembleia perene e concelebração no espaço e no tempo ‘com todos os Santos’”: foi muito bem observado que “a Divina Liturgia é a presença de nosso Senhor Cristo com todos os Santos; em cada Divina Liturgia, Cristo vem ao nosso meio e com Ele ‘a companhia dos Santos está presente inseparavelmente’”; “a presença do Deus Triúno confere à Sinaxe Eucarística da Igreja Suas verdadeiras dimensões: Ela é um Sínodo Eucarístico Ecumênico, que é solenizado dentro da Igreja; toda a criação, o mundo visível e invisível, concelebra a Oferta Eucarística e glorifica juntos o Deus Triúno”; “a Divina Liturgia é um Sínodo Eucarístico Ecumênico”; “na Divina Liturgia, Cristo está presente no meio de Sua Igreja; junto com Cristo estão Nossa Senhora, a Theotokos, os Santos Anjos, todos os Santos e nossos irmãos defuntos e vivos, os distantes e os próximos” (Hieromonge Gregorios, Ἡ Θεία Εὐσαπιζηία καὶ ἡ Θεία Κοινωνία [A Divina Eucaristia e a Comunhão Divina] [Atenas: Ek-doseis “Domos,” 2001], pp. 133 e ss.).


  3. Contra as Heresias, III.4.1, Patrologia Græca, Vol. VII, col. 855B.


  4. Homilia X sobre Efésios, §1, Patrologia Græca, Vol. LXII, col. 75.


  5. Cânon XV do Primeiro-Segundo Sínodo.


  6. Gálatas 1:8.


  7. “Canônico”: um Bispo é, e é chamado de “canônico” quando sua Ordenação, sua atividade pastoral e sinodal e sua mentalidade (υρόνημα), estão consonantes com os Dogmas e os Cânones Sagrados da Igreja Ortodoxa. É [somente] nesses termos que podemos falar sobre a “canonicidade” de um Bispo.


  8. “Em comunhão com a Igreja”: um Bispo que é “canônico” também está “em comunhão com a Igreja”; ou seja, ele está em comunhão na Fé e nos Mistérios com o clero e o povo ortodoxo. É [somente] nesses termos que podemos falar sobre um Bispo estar “em comunhão com a Igreja.”


  1. “Mais abrangente”: uma heresia é chamada de “abrangente” ou “mais abrangente” quando engloba ou inclui uma multiplicidade de outras heresias. O anglicanismo é caracterizado por sua “abrangência,” pois dentro dele converge e coexiste uma variedade de tendências confessionais e dogmáticas.


2.“Pan-heresia”: uma heresia que abrange todas as heresias.


3.“Relativização” (στετικοποίησις): do verbo στετικοποιῶ: considerar algo como relativo, incerto, não absoluto, mutável, transitório.

“Relativização da verdade”: uma negação da Verdade absoluta em Cristo.


  1. II Tessalonicenses 2:8.


  2. “Igreja Católica Ortodoxa”: a Igreja Católica é absolutamente idêntica à Única Igreja, ou seja, à Igreja Ortodoxa, que certamente não tem qualquer relação com o papismo, que hoje é comumente chamado de “Igreja Católica” ou “Igreja Católica Romana.”

Veja também a nota 9, “Uma característica qualitativa e interna e não quantitativa e externa.”


  1. Efésios 3:6.


27. “Os ecumenistas ortodoxos”: ecumenistas que vêm da Igreja Ortodoxa e que participam e estão inscritos no movimento ecumênico herético.


28. “As fronteiras carismáticas e canônicas da Igreja”: veja a nota 34.


29. “Conheço as tuas obras, que não és nem frio nem quente; oxalá fosses frio ou quente. Assim, porque és morno e nem quente nem frio, vomitar-te-ei da Minha boca” (Apocalipse 3:15-16). A palavra “morno” aqui não se refere apenas à mornidão na prática, mas à mornidão na fé e no dogma. Tal mornidão na Ortodoxia constitui certamente heresia, pois não há um meio termo entre a Verdade e a falsidade, entre a Ortodoxia e a heresia. Uma leve divergência da verdade dogmática já é falsa e herética e, aquele que diverge até mesmo na menor extensão da Ortodoxia, se coloca no domínio da heresia.


  1. Os tikhonitas também começaram a usar o termo “Cristãos Ortodoxos Verdadeiros”, sem ter qualquer comunicação com seus irmãos Genuínos Ortodoxos na Grécia.


  2. “Ordem lícita e canônica”: essa ordem que está em conformidade com as leis da Tradição Eclesiástica Ortodoxa e os Cânones Sagrados dos Sínodos Ortodoxos. Veja também a nota 18, “Canônica”.


  3. “Aceitação”: a aceitação de hereges significa que a Igreja aceita dentro de Seu seio aqueles hereges que certamente retornam a Ela com reconhecimento e espírito de arrependimento.


  4. “Prática pastoral”: uma prática por parte dos Pastores, que cuidam, em Cristo e no temor de Deus, da salvação do rebanho dotado de razão da Igreja.


  5. “A confissão correta e salvadora da Fé”: ou seja, a economia não é permitida – “não há espaço para acomodação” - no que diz respeito aos assuntos da Fé.


  6. “As fronteiras carismáticas e canônicas da Igreja”: as “fronteiras canônicas” são definidas pelos Dogmas e os Cânones Sagrados da Igreja Ortodoxa (veja a nota 18, “Canônica”), enquanto as “fronteiras carismáticas” são definidas principalmente pelos Mistérios Sagrados, através dos quais a Graça de Deus age sobre os fiéis. Na Igreja Ortodoxa, essas duas fronteiras não são separadas, mas consideradas equivalentes. Esses termos são mencionados aqui precisamente para enfatizar sua equivalência, pois os ecumenistas consideram as fronteiras carismáticas da Igreja mais amplas do que suas fronteiras canônicas; ou seja, eles reconhecem a Graça Misteriológica também em várias comunidades hereges (veja §§II.2 e II.11 mais adiante neste documento).


36. “Em um sentido absoluto e, por assim dizer, de longe”: a Igreja Ortodoxa nunca reconheceu os mistérios ontologicamente não existentes dos hereges, seja “em um sentido absoluto”, isto é, em si mesmos (auto suficientemente e independentemente), ou “de longe”, ou seja, na medida em que os hereges permanecem distantes dela. No entanto, quando os proponentes desses mistérios heréticos entram e se unem ao Corpo da Igreja, então surge a questão de sua forma correta, exclusiva e unicamente para que a Igreja dê conteúdo a esses mistérios, que até então estavam vazios e desprovidos de substância ou Graça (veja a seção VI.5 neste documento).


37. “Em arrependimento”: a recepção na Igreja em arrependimento certamente não significa, aqui, o modo de recepção, isto é, apenas através do Mistério do Arrependimento e Confissão, mas refere-se ao espírito e disposição de um cismático ou herege que está consciente de seu erro, se arrepende e é incorporado à Verdadeira Igreja.


38. “Aceita”: a questão da aceitação ou não aceitação da forma externa de um chamado mistério de hereges ou cismáticos fica a critério pastoral do Bispo; ou seja, tal aceitação não é obrigatória, mas opcional.


39. “Fornecer garantia”: isto é, afirmar como certo e indiscutível, afirmar enfática e absolutamente, certificar, garantir. O significado deste parágrafo deve ser buscado em conjunto com o das cinco seções anteriores e não isoladamente.


40. “Sabidamente”: o Sétimo Sínodo Ecumênico anatematiza aqueles que comungam com hereges “sabidamente”, ou seja, mesmo sabendo que são hereges.


  1. “A nível local”: com isso se entende tudo o que foi feito de maneira adequada e correta pelos Sínodos locais das Verdadeiras Igrejas Ortodoxas. Este parágrafo deve ser interpretado e esclarecido da seguinte forma: quando acontece que a Verdadeira Igreja Ortodoxa, no caso de aqueles que retornam e entram nela, não repete a forma externa dos Mistérios das chamadas Igrejas Ortodoxas oficiais, isso não significa que Ela afirme a validade Misteriológica, interna ou soteriológica delas.


  2. Com relação aos ecumenistas inovadores, a ruptura do “vínculo entre confissão, catolicidade e comunhão” mencionada aqui já é um fato e uma realidade, com todas as consequências que dela decorrem.


  3. “De acordo com o rito ortodoxo”: o Batismo Ortodoxo é realizado por meio de três imersões e emersões em uma pia, “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (São Mateus 28:19).


  4. “Carta ao Papa Estêvão”, em Concilia ad regiam exacta, Vol. I (Lutetiæ Parisiorum: Impensis Societatis Typographicæ Librorum Ecclesiasticorum iussu Regis constitutæ, 1671), col. 741.


  5. “As condenações sinodais” referidas neste parágrafo são, claro, já totalmente dignas de honra e aceitas pelos Verdadeiros Ortodoxos, e, formam a base para as decisões do antecipado Sínodo Maior.


  6. Hebreus 1:14.


  7. São Judas 1:3.


  8. “Retenhamos firme a Confissão” (Hebreus 4:14): retenhamos firme a Confissão da Fé, “agarrando-a, mantendo-a com segurança” (Zigabenos).


  9. “Resposta dos Patriarcas Ortodoxos do Oriente ao Papa Pio IX [1848]”, §20, em Ioannes Karmires, Τὰ Δογμαηικὰ καὶ Σςμβολικὰ Μνημεῖα ηῆρ ᾿Οπθοδόξος Καθολικῆρ ᾿Εκκληζίαρ [Os Monumentos Dogmáticos e Credais da Igreja Católica Ortodoxa], 2ª ed. (Graz: Akademische Druck-u. Verlagsanstalt, 1968), p. 922 [1002].

 

 

Traduzido por Diego Augusto Passareli.

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Pároco da paróquia Axion Estin em Sorocaba e, responsável pela igreja GOC no Brasil, missionário da comunidade São João Maximovich em Curitiba e da Paroquia Nossa Senhora da Proteção na Pedreira -São Paulo SP.

"Sou um sacerdote ortodoxo e busco fiéis comprometidos com a Santa Fé, livres das heresias propagadas por aqueles que a desconhecem ou a deturpam intencionalmente. Como membro da Genuína Igreja Ortodoxa da Grécia, preservamos  fielmente a Santa Tradição e os Santos Cânones, incluindo as decisões dos Santos Concílios que anatematizam as alterações no calendário litúrgico. Seguimos a determinação do Concílio de Niceia sobre o Menaion e o Pascalion, bem como as resoluções dos Concílios Pan-Ortodoxos de 1583, 1587, 1593 e 1848."

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