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CADA UM DE NÓS É POTENCIALMENTE UM JUDAS

Venerável Hieromonge Serafim Rose (+1982)

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Um sermão dado pelo Pe. Serafim (Rose) durante a Grande Quaresma, 1982.



Ora, quando Jesus estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso, veio a ele uma mulher que tinha um vaso de alabastro com bálsamo precioso, e o derramou sobre a Sua cabeça, enquanto estava sentado à mesa. Mas quando (alguns entre) os seus discípulos viram isto, eles se indignaram, dizendo: “Para que fim é este desperdício?” Porque este bálsamo poderia ter sido vendido por muito e dado aos pobres”. Quando Jesus tomou conhecimento, disse-lhes: "Por que perturbais a mulher? Ela  fez uma boa obra sobre Mim, porque sempre tendes os pobres convosco, mas a Mim não tendes sempre. Por isso, derramando ela este bálsamo sobre o Meu corpo, ela o fez para o Meu sepultamento. Em verdade vos digo que onde quer que este evangelho seja pregado em todo o mundo, publicar-se-á também para sua memória o que ela fez". Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes, e disse-lhes: “Que me dareis, e eu vo-lo entregarei?”. E “ajustaram” com ele trinta moedas de prata. E desde então procurava oportunidade de O trair.


Mateus 26: 6-16



Nesta passagem da Escritura, lemos como, quando nosso Senhor Se preparou para Sua Paixão, uma mulher veio e ungiu-O com um bálsamo muito precioso; e é muito comovente como nosso Senhor aceitou tal amor de pessoas simples. Mas, ao mesmo tempo, Judas - um dos doze que estavam com Ele - olhou para este ato e algo em seu coração mudou. Isto foi aparentemente a "última gota", porque Judas era o encarregado do dinheiro e ele pensou que isso era um desperdício de dinheiro. Podemos até ver os processos lógicos acontecendo em sua mente. Podemos ouvi-lo pensar em Cristo: "Pensei que este homem fosse alguém importante. Ele desperdiça dinheiro, não faz as coisas direito, ele acha que é tão importante..." e todos os tipos de pequenas idéias similares que o diabo colocou em sua mente. E com sua paixão (sua paixão principal era o amor ao dinheiro), Ele foi pego pelo diabo e conduzido a trair Cristo. Ele não queria traí-Lo; Ele simplesmente queria dinheiro. Ele não zelava e vigiava de si mesmo e nem crucificava suas paixões.


Qualquer um de nós pode estar exatamente nessa posição. Temos que olhar para nossos corações e ver em qual paixão nossa o diabo irá nos pescar para nos fazer trair a Cristo. Se pensarmos que somos algo superior a Judas - que ele era algum tipo de "maluco" e nós não somos - estamos muito equivocados. Como Judas, todos nós temos paixões no coração. Vamos, portanto, olhar para elas. Podemos ser apanhados pelo amor pelo asseio, pelo amor por coisas corretas, pelo amor por senso de beleza: qualquer uma de nossas pequenas falhas às quais nos apegamos pode ser uma coisa com a qual o diabo pode nos pegar. Sendo capturados, podemos começar a justificar essa condição "logicamente" - com base em nossa paixão. E a partir desse processo "lógico" de pensar, podemos trair Cristo, a menos que cuidemos de nós mesmos e comecemos a perceber que estamos cheios de paixões, que cada um de nós é potencialmente um Judas. Portanto, quando a oportunidade vem - quando a paixão começa a operar em nós e, logicamente, começa a se desenvolver de uma paixão para uma traição - devemos parar ali e dizer: "Senhor, tem piedade de mim, pecador!"


Não devemos olhar para a vida através dos óculos de nossas paixões, nem ver como podemos "ajustar" a vida para ser o que gostaríamos que fosse - se esta é uma vida onde há paz e sossego ou onde há um monte de ruído e emoção. Se tentarmos tornar a vida "ajustada" desta forma, um desastre total resultará. Ao olhar para a vida, devemos aceitar todas as coisas que vêm a nós como a providência de Deus, sabendo que elas têm a intenção de nos despertar de nossas paixões. Devemos orar a Deus para nos mostrar alguma coisa agradável a Deus que possamos fazer. Quando aceitamos o que vem a nós, começamos a ser como a simples mulher no Evangelho que ouviu o chamado de Deus e foi assim capaz de se tornar membra de Seu ministério. Ela foi proclamada até os confins do mundo, como o Senhor diz, por causa da simples coisa que ela fez - derramar o bálsamo sobre Ele. Sejamos como ela: sensíveis para observar os sinais de Deus ao nosso redor. Estes sinais vêm de todos os lugares: da natureza, dos nossos semelhantes, de aparentes situações inesperadas... Há sempre, todos os dias, algo que nos indica a vontade de Deus. Devemos estar abertos a isso.


Uma vez que nos tornamos mais conscientes das paixões dentro de nós mesmos e começamos a lutar contra elas, não vamos deixá-las começar o processo que foi visto em Judas. Judas começou a partir de uma coisa muito pequena: estar preocupado com o uso correto do dinheiro. E a partir de tais pequenas coisas nós traímos Deus, o Salvador. Devemos ser sóbrios, vendo não o cumprimento de nossas paixões à nossa volta, mas sim a indicação da vontade de Deus: como podemos neste momento despertar e começar a seguir a Cristo em Sua Paixão e salvar nossas almas.



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Pároco da paróquia Axion Estin em Sorocaba e, responsável pela igreja GOC no Brasil, missionário da comunidade São João Maximovich em Curitiba e da Paroquia Nossa Senhora da Proteção na Pedreira -São Paulo SP.

"Sou um sacerdote ortodoxo e busco fiéis comprometidos com a Santa Fé, livres das heresias propagadas por aqueles que a desconhecem ou a deturpam intencionalmente. Como membro da Genuína Igreja Ortodoxa da Grécia, preservamos  fielmente a Santa Tradição e os Santos Cânones, incluindo as decisões dos Santos Concílios que anatematizam as alterações no calendário litúrgico. Seguimos a determinação do Concílio de Niceia sobre o Menaion e o Pascalion, bem como as resoluções dos Concílios Pan-Ortodoxos de 1583, 1587, 1593 e 1848."

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