Como devemos confessar
- Paróquia Axion Estin
- 25 de fev.
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Prot. A. Nikolski
Antes de ir confessar, cada um de vós, ortodoxos, deve tentar se lembrar de todos os seus pecados, voluntários e involuntários, deve atentamente perscrutar a sua vida para, se possível, se lembrar de todos os pecados, não apenas os cometidos após a última confissão, mas de outros, antigos, não confessados por esquecimento. Depois, com humildade e sinceridade, deve se aproximar da Cruz e do Evangelho e começar a confessar os pecados.
1. Confesse os seus pecados com sinceridade, se lembrando de que você está contando-os não à uma pessoa, mas ao próprio Deus, Que mesmo antes de você contar tudo, já conhece todos os seus pecados e tão somente quer a sua confissão do cometido. Também, não tenha vergonha do padre; ele também é homem como você, ele conhece perfeitamente as fraquezas dos homens e a propensão do homem ao pecado, e por isso o padre não pode ser o seu juiz severo na confissão. Mas, será que você está envergonhado e tem medo de perder a sua boa imagem perante ele? Pelo contrário, se você está procurando impressioná-lo pela sua perfeição, o padre, vendo e ouvindo a sua sincera confissão, sentirá por você amor ainda maior. Além disso, se você está envergonhado de abrir os teus pecados perante um padre, como você suportará esta vergonha quando aparecerás no Último Juízo onde, se você não se livrar dos pecados mediante penitência, todos eles se revelarão perante Deus, Seus anjos e todos os homens conhecidos e desconhecidos? Então, desejando se livrar dos pecados aqui e do sofrimento eterno lá, você deve obrigatoriamente contar abertamente ao padre todos os seus pecados. Porém confessando perante padre tudo abertamente, você não deve adicionar nada e não se deve culpar por atos não cometidos por você, como aliás muita gente faz; algumas pessoas, mesmo não tendo cometido certas coisas, sempre respondem "pequei" - e isto é muito mal.
2. Conta detalhadamente todos os seus pecados. Há muitas pessoas que, ao confessar, dizem apenas: "Pequei, pequei contra tudo, por atos, palavras e pensamentos." Não é essa a confissão exigida pela Santa Igreja. Na confissão, você deve abrir-se ao seu padre de tal forma que ele entenda você; mas, quando você diz apenas: "pequei contra tudo por atos, palavras ou pensamentos", ele não poderá entender você; mesmo sem essa confissão, ele já sabe que você é pecador e não é um santo. Também, há outros que dizem: "pequei em cada meu passo." Isso também não está certo: nem sempre a pessoa peca em cada passo; há casos em que a pessoa andando faz boas ações - como, por exemplo, se com empenho cristão e alegria no coração se dirige à igreja para rezar, ou então para um outro lugar em busca de um bom conselho, ou para fazer algo de bom; nesses casos, cada passo é dirigido à um bom ato. Isso significa que, quando a pessoa, ao confessar, diz que "peca em cada passo", ela não fala a verdade. Precisamos confessar cada pecado em separado. São João Crisóstomo diz: "Devemos não só dizer: pequei, ou sou um pecador, mas devemos mencionar todas as espécies do pecado," isto é, devemos mencionar cada pecado em separado. "A revelação dos pecados", diz São Basílio Grande, "é subordinada à mesma lei que a revelação das doenças do corpo". O pecador é uma pessoa que tem a alma doente, e o padre é o médico; portanto, devemos contar os nossos pecados ao nosso padre da mesma forma que um doente que está procurando a cura conta tudo sobre as suas dores ao médico.
3. Na sua confissão, não fale sobre outras pessoas, como o faz muita gente: muitas vezes, na confissão os pais reclamam dos filhos; a sogra fala da nora; o marido culpa a mulher de infidelidade; a mulher, do mesmo o marido. Que confissão é essa? Isso não é uma confissão, é uma condenação, e significa um novo pecado. Você deve falar exclusivamente dos próprios pecados, sem envolver outras pessoas. Também, se o padre faz uma pergunta e a pessoa responde: "nisso, todo mundo peca", tais palavras são erradas. O que você tem com isso? Irmãos, na confissão devemos falar dos nossos pecados, e não dos de outras pessoas.
4. Não tente se justificar de alguma forma como, por exemplo, pela doença ou pelo costume etc. Na confissão, quem mais se justifica, menos será justificado por Deus, e quem mais se culpa, mais será perdoado. Portanto, não nos devemos justificar na confissão; pelo contrário, mais nos culpar, para sermos dignos de receber perdão de Deus.
5. Não responda a uma pergunta do padre: "Não sei, não me lembro, talvez até pequei contra isso". Deus mandou que nós nos sempre lembremos dos nossos pecados; e para não se justificar pela falta de memória, devemos confessar com a maior frequência possível. Os antigos cristãos confessavam e comungavam todo domingo, ou pelo menos 1 vez por mês; e agora a Santa Igreja ordena que todos confessem 4 vezes por ano nos jejuns, e obrigatoriamente pelo menos 1 vez por ano, na Santa Quaresma. Isso significa que, se algumas pessoas, por comodidade, não confessam durante vários anos e dessa forma esquecem os seus pecados, apenas elas mesmas são culpadas disso, e por isso não podem esperar que os pecados não confessados sejam perdoados. Por isso, obrigatoriamente devemos tentar nos lembrar de todos os pecados, e não dizer: "Não me lembro, talvez até pequei contra isto." Quando alguém nos deve algo, nós nos sempre lembramos desta dívida, e mesmo assim esquecemos as nossas dívidas a Deus! Será que isso não é o máximo desleixo de nossa parte e a máxima falta de interesse pela nossa alma?
6. Sem ser perguntado pelo padre, nunca mencione aquilo em que você não pecou, ou o que você não fez. Há muita gente que confessa assim: "Eu não matei ninguém, não roubei nada de valioso e também não cometi nenhum outro grande pecado". Isso significa que você se vangloria igual ao fariseu da parábola do Evangelho, não é nenhuma confissão; portanto só aumenta a sua condenação. Ainda mais: como você pode dizer: "eu não cometi nenhum grave pecado"? Você se irritou com o seu irmão sem motivo algum, portanto isso é um pequeno pecado? Isso, conforme a palavra de Deus, é igual a assassinato (1 João 3:15). Você criticava o outro, portanto é um pequeno pecado? Mesmo que você fosse um grande penitente, mesmo que você cumprisse à risca todos os mandamentos de Deus, mesmo assim você merece tormenta eterna por uma só condenação. Você invejou o outro? Mas a inveja, conforme a palavra de Basílio Grande, é uma grave falta, "inventada por demônios, é um obstáculo para uma vida pura, é o caminho direto para o fogo infernal e é a exclusão do reino de Deus". Daí, veja como são sérios os pecados: ira, crítica, inveja e outros tantos que cometemos todo dia e a toda hora.
7. Devemos confessar com humildade e tristeza no coração os nossos pedaços, com os quais insultamos Deus. Está totalmente errado confessar os pecados com indiferença e sem qualquer arrependimento, como se fosse uma conversa qualquer; pior ainda, quando a pessoa – e há muitas assim – até acha graça nisso. Tudo isso é um sinal de falta de arrependimento, e confessando assim não nos livramos dos pecados; ao contrário, ainda aumentamo-los.
Finalmente, confesse os pecados com a fé em Jesus Cristo e com a esperança na misericórdia Dele. Pois só tendo fé em Jesus Cristo e tendo esperança Nele podemos receber o perdão dos nossos pecados, e sem fé nunca receberemos o perdão. Por exemplo, o Judas traidor: ele se arrependeu do que fez e não só perante uma pessoa, mas perante todos: "pequei, entregando o sangue inocente!", e até devolveu as moedas de prata. Mas, como ele não acreditou em Jesus Cristo, não procurou a misericórdia Dele e se desesperou, então não recebeu o perdão e morreu horrivelmente (Mateus 27:3-6). Assim, na penitência, é imprescindível ao homem pecador ter fé e esperança.
É assim, meus caros irmãos, que devemos confessar, para Deus nos perdoar todos os nossos pecados. "Se confessarmos nossos pecados, fiel e justo é Ele para perdoar-nos e purificar-nos de toda iniquidade" (1 João 1:9), e isso tudo conseguiremos pela graça e pelo amor de Jesus Cristo, a Quem, junto com o Pai e o Espírito Santo, glória e adoração de nós, pecadores, sempre e por séculos e séculos.
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Eu, grande pecador (nome), confesso ao Senhor meu Deus Jesus Cristo e a ti, reverendo Padre, todos os meus pecados que cometi em todos os dias de minha vida, por ação, palavras ou pensamentos, por vontade ou contra a vontade.
Pequei pela falta de agradecimento ao Senhor meu Deus pela grande misericórdia que Ele tem comigo em dar-me tudo o que é necessário para a minha vida, sem que eu o mereça.
Pequei pela quebra das promessas do Santo Batismo, pela falta de amor a Deus e ao próximo.
Pequei pela falta da fé, pela preguiça de rezar na Igreja e em casa e pela falta de atenção nas orações.
Pequei por falta de respeito aos pais e aos mais velhos, queixas, desordem, soberba, amor-próprio, conversas levianas, discussões e mentiras.
Pequei por sacrilégio, juramento inútil e em falso, riso, julgamento dos outros, calúnia, aborrecimentos, palavras ruins, ofensa, impaciência, falta de ânimo, cólera, raiva, conservação das ofensas na memória, inveja e ódio.
Pequei por vingança, enganos, preguiça, malandrice, avareza, amor ao dinheiro, roubo, excessos em comida e em bebida, abstinência da carne e de produtos proibidos na quaresma e nas quartas e sextas-feiras.
Pequei por maus pensamentos, com a vista, o ouvido, o olfato, o paladar, o tato, e com todos os demais sentidos.
Também cometi os seguintes pecados…
De tudo me arrependo e declaro-me culpado perante o Senhor meu Deus, mas tenho firme propósito de não mais voltar a cometer esses pecados.
Peço perdão a Deus e a vós, reverendo Padre, e se porventura me esqueci de confessar algum pecado, também peço a Deus perdão.
Abençoa-me, Padre, perdoa-me e ora por mim, pecador





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