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Fogo Oculto: Perspectivas Ortodoxas sobre o Yoga

Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis.Pois que sociedade tem a justiça com a injustiça?E que comunhão tem a luz com as trevas?Que concórdia há entre Cristo e Belial?Ou que parte tem o fiel com o infiel?E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos?1 Coríntios 6:14-18

 

Fui criado como católico romano. Eu amava a oração. Caminhar pelos bosques, brincar nos riachos, correr pelos vastos campos da imaginação — tudo isso era como uma oração para mim: o silêncio, a quietude, a hesychia que as crianças encontram quase naturalmente. Nem sempre permaneci nesse estado de oração. Mas eu o reconhecia. E o tomava como certo, como uma simples atividade do coração.


Todos nós experimentamos isso em diferentes graus. Usamos palavras diferentes — ou nenhuma, porque todas parecem inadequadas — para expressar o movimento do coração em direção a Deus. Parece que, quando somos inocentes de coração, especialmente quando muito jovens, há uma percepção tangível de dois nesses momentos. Amado e Amante. O Outro Alguém. Quando criança, eu não articulava essa Presença como Cristo — assim como nunca me referia aos meus pais por seus nomes. Eu simplesmente os conhecia.


Quando estava no ensino médio — meus avós me colocaram em um colégio católico romano para meninos —, eu queria ser um monge trapista. Frequentava os serviços religiosos regularmente e lia a Bíblia com frequência. A Escritura é realmente como uma porta. Você pode entrar por ela e o Espírito Santo o leva a lugares sem que seus pés deixem o chão. Mas eu sabia que havia algo mais. Uma diferença entre ler sobre as experiências e a experiência por si mesma.


O Dr. Harry Boosalis escreve em Santa Tradição: “Não somos chamados simplesmente a 'seguir' a Tradição ou 'imitar' a Tradição. Somos chamados a experimentá-la... assim como os santos têm feito e continuam a fazer.” Sabemos que há algo faltando no mundo ao nosso redor. Alguma riqueza, alguma profundidade da qual estamos vagamente cientes e ansiamos. Essa é, é claro, a riqueza do amor, da luz e da graça de Deus. Mas, naquela época da minha vida, eu não tinha a linguagem para expressar isso. Como tantos outros, atribuí essa insatisfação, esse desconforto, a outras coisas.


Então, um professor de psicologia no ensino médio guiou minha turma por meio da auto hipnose. Minha curiosidade pela meditação surgiu rapidamente em seguida. Eu me senti relaxado. Baixei minha guarda para novas experiências. Senti como se a porta dos fundos do meu coração se abrisse permanentemente. Eu rejeitei Deus para 'seguir sozinho o meu próprio caminho.' Experimentei, de forma bem clara, uma luz se apagando dentro de mim. A Presença, o Outro Alguém, o Amigo, respeitou essa decisão. Sentiu-se como se Ele saísse silenciosamente. Ele respeita o livre-arbítrio. Nunca se impõe. Ele bate à porta do coração e espera.


Então, comecei a meditar regularmente. Inicialmente, especialmente quando adolescente, foi realmente difícil: ficar horas sentado com velhos budistas tibetanos, completamente imóvel, trazendo meus pensamentos de volta para a parede nua e a estátua de bronze do Buda à minha frente. Comecei a estudar a reencarnação, o karma e o samsara.¹ Eu ainda não estava ciente das origens do Budismo tibetano na religião xamanista chamada Bon, nem da sua aceitação da astrologia, magia e outras práticas ocultas.²


Eu queria aprender a acalmar a ansiedade e a depressão, como varrer os pensamentos dispersos. Visitando salões de meditação budistas e ashrams hindus, eu estava intrigado com os 'fogos de artifício espirituais': os êxtases, transe, sentimentos e visões. Estes estão associados a todos os níveis de meditação e yoga e aumentam com a prática. Essas experiências e outras são às vezes chamadas de siddhis, ou poderes adquiridos através de sadhana (prática de meditação e yoga). A curiosidade se transformou em fascínio e o fascinante se tornou familiar. Sem que eu percebesse, minha inicial 'curiosidade inofensiva' pelo yoga e pela meditação se endureceu em hábito. Passei mais de uma década imerso nesse mar espiritual.


Durante esses anos, muitas perguntas foram feitas. Por exemplo, os padres e monges católicos romanos sabem se os primeiros cristãos acreditavam na pré-existência das almas e na reencarnação? Eles disseram que não sabiam. E, além disso, perguntaram qual é a importância disso? Ao ler mais sobre as origens e os significados das religiões do Extremo Oriente e ansioso para experimentar os bardos - as dimensões intermediárias dos mundos material e espiritual - estudei o Tibetan Book of Living and Dying.


Li toda a literatura mística ou esotérica que consegui encontrar e mantinha uma cópia do Bhagavad Gita dobrada no meu bolso de trás, além de ler os escritos de Paramahansa Yogananda. Mergulhei nos escritos de Osho, li Ram Dass e Ramana Maharshi, convencido de que não havia ser mais divino do que eu mesmo. Cabe a mim destruir meu eu ilusório. De acordo com muito do que li e ouvi, não pode haver um relacionamento pessoal com o Divino e isso me conflitava. A natureza calma e pacífica da infância havia desaparecido. Quanto mais eu me aprofundava na essência da meditação e do yoga, mais desejos repentinos e inexplicáveis eu sentia de me machucar. Minha alma estava sob ataque. Esse foi um período muito sombrio e infeliz da minha vida.


Buscando calma, fiz o voto de Bodhisattva e procurei uma ordem monástica leiga contemplativa e pacífica dentro do Budismo, numa tentativa de me ancorar em algum lugar, com algo. Após um período inicial de relativa paz, desenvolvi ousadia, até mesmo imprudência, com relação às atividades espirituais. Eu estava passando por uma espécie de alcoolismo espiritual. Mas eu não sabia disso.


O Filho Pródigo comeu a comida dos porcos em uma terra distante. Mas ele voltou para casa quando se lembrou do sabor do Pão da casa de seu Pai. Por mais de uma década, vivi nesta terra distante, comendo sua comida.


Vi tantas pessoas - alguns amigos, muitos estranhos - buscando a dissolução do eu. Elas tinham um desejo insaciável de se perder, não na vida e na luz de Deus, mas na escuridão do vazio, em uma separação do Amor que Transcende Tudo. Essa separação é o inferno. Muitos homens, mulheres e crianças buscam esse inferno, girando por relacionamentos promíscuos e saltando pelas janelas das drogas, através das quais tantos caem.


Mas eu estudei e pratiquei Kundalini Yoga e xamanismo, aprendendo a presença do medo e do frio3. Ganhei uma reputação por ler o tarot, um método oculto de adivinhação. Ensinei yoga e instrui grupos por meio de meditações guiadas e cantos em desertos de sálvia.


Experimentamos com projeção astral – experiências fora do corpo guiadas pelos bardos descritos nos livros tibetanos. Eu carregava não apenas cópias sublinhadas do Bhagavad Gita, mas também das Upanishads e sutras dos budas por onde quer que eu fosse4. Cada uma dessas buscas era um movimento a mais longe da montanha sagrada de Cristo. Se você jogar água sobre uma pedra o suficiente tempo, vai desgastá-la. Esfregando uma pasta laranja na testa, toquei sinos oferecendo frutas e fogo enquanto adorava Krishna, vagando descalço pelas ruas de Eugene, Portland, Seattle e finalmente Rishikesh, Haridwar e Dharamsala no norte da Índia.


“Separado de Deus, que é a fonte da Vida,” escreve o Arquimandrita Zacharias em seu livro Hidden Man of the Heart, “o homem só pode se retirar para dentro de si mesmo... Gradualmente ele é deixado desolado e dissoluto.”


O Budismo rejeita o eu, a alma e a pessoa. Ele cruza os braços em silêncio contra Deus. O sofrimento nunca é transfigurado. Existem cruzes no Budismo, mas nunca há ressurreição. Poderíamos dizer que o Budismo encontra o túmulo vazio e declara essa vacuidade como o estado natural das coisas, até mesmo o objetivo. No Budismo, tudo - céu, inferno, Deus, o eu, a alma, a pessoa - é uma ilusão que deve ser superada, descartada, destruída. Esse é o objetivo. A aniquilação total. Neste axioma do século IX, a essência do Budismo é resumida: “Se você vê o Buda, mate-o.”


O Budismo não professa - nem pode - curar alma e corpo. Ambos, alma e corpo, devem ser superados e descartados. Na Igreja Ortodoxa, no entanto, a alma e o corpo devem ser curados. O Budismo ensina que nada tem valor intrínseco. A Igreja ensina que tudo o que Deus cria tem valor intrínseco. Isso inclui o corpo humano. Somos seres complexos. As ações de nosso corpo, mente e alma estão interligadas. E essas ações interligadas estão diretamente relacionadas ao nosso relacionamento com Deus e ao reino espiritual.

Para os cristãos ortodoxos, tudo - até o sofrimento - é uma porta escondida através da qual encontramos Cristo, pela qual nos abraçamos uns aos outros.


Num outono, viajei para Rishikesh, na Índia. Esta cidade é nomeada após o deus pagão Vishnu, ‘o senhor dos sentidos’. Rishikesh é a 'capital do yoga do mundo'. Geralmente se aceita que seja o lugar na Terra onde o yoga se originou. Durante 40 dias, estudei e pratiquei o chamado caminho espiritual secreto do yoga integral nas encostas do Himalaia5. Isso cobria não apenas o yoga de academia da América; cada aula começava e terminava com uma oração ao ‘deus da tempestade furiosa’, Shiva.


Isso foi enquanto eu ensinava inglês para refugiados tibetanos e trabalhava para o Governo Nacional Tibetano como editor. O yoga tem raízes históricas no Hinduísmo. Curioso, conversei com um rinpoche no mosteiro do Dalai Lama em Dharamsala6. Perguntei a ele quem ou o que esses deuses hindus são de acordo com a cosmologia budista. Sua resposta é alarmante: “Eles são seres criados, com um ego... são espíritos presos no ar7.”

 

O que é o yoga? O que é a energia kundalini?


O significado literal de yoga é 'jugo'. Significa amarrar sua vontade à serpente kundalini e levantá-la até Shiva, experimentando o seu 'verdadeiro' eu. Todos os caminhos do yoga estão interconectados, como ramos de uma árvore. Uma árvore com raízes descendo nas mesmas áreas do mundo espiritual. Isso é evidente nos antigos livros Bhagavad Gita e Os Sutras Yogicos de Patanjali. Eu aprendi que o objetivo final do yoga é despertar a energia kundalini, enrolada na base da coluna vertebral, na forma de uma serpente, de modo que ela o leve a um estado onde você realize Tat Tvam Asi8.


Claro, o yoga pode facilitar experiências excepcionais do corpo e da mente. Mas o mesmo acontece com a ingestão de drogas que alteram a mente e com venenos insípidos e imperceptíveis. Através do yoga, pouco a pouco, uma pessoa vai domando o shakti, que os yogis chamam de mãe divina, a 'deusa escura' conectada com outros deuses principais hindus. Essa energia não é o Espírito Santo e isso não é aeróbica ou ginástica. Anexados a todo esse sistema estão os bhajans e kirtans – equivalentes pagãos aos acatistas cristãos ortodoxos, mas para deuses hindus – assim como mantras, que são fórmulas 'sagradas', como cartões de visita ou números de telefone, para os vários gurus e deuses pagãos.

 

Como o yoga está conectado com o hinduísmo?


Para ser claro, o hinduísmo não se refere a uma religião específica. É um termo dado pelos britânicos para as várias seitas, filosofias e religiões xamanísticas da Índia. Se você perguntar a um hindu se ele acredita em Deus, ele pode te dizer que você é Deus. Mas se perguntar a outro, ele apontará para uma pedra, uma estátua ou uma chama de fogo. Essa é a polaridade do hinduísmo: ou você é Deus, ou tudo o que existe é um deus.


O yoga está sob esse guarda-chuva do hinduísmo e, de muitas maneiras, é o ponto principal desse guarda-chuva. Ele atua como um braço missionário do hinduísmo e da Nova Era fora da Índia9. O hinduísmo é como uma extraordinária boneca russa de matrioskas: você abre uma filosofia e dentro dela há dez mil outras. E as não abertas são riscos. Você pode nadar facilmente e descuidadamente em águas que não conhece. Mas, sem perceber as marés e nuances da área, pode estar em perigo. Pode ser arrastado pela correnteza. Pode se cortar contra pedras invisíveis e contrair infecção e veneno imperceptíveis.

Isso acontece na vida espiritual.


Quando mergulhamos no oceano, podemos ser atraídos pelos peixes mais brilhantes, mais coloridos e intrigantes, mas os mais coloridos e exóticos são, muitas vezes, os mais venenosos e mortais.


A primeira vez que visitei a Índia, tirei os sapatos e as meias e caminhei pela água, cocos, doces descartados e o fogo cintilante do Templo Kalkaji. É um dos templos mais famosos dedicados a Kali, “a deusa da morte”. Eu não sabia, mas estava bem no meio do seu festival mais importante do ano. O templo estava caótico e a energia muito elevada e sombria. Milhares de homens, mulheres e crianças se reuniram neste templo de Rishikesh para adorar esse demônio. Ao meu lado, os olhos de uma mulher se reviraram, os braços balançavam para frente e para trás, a língua saía cor-de-rosa da sua boca, as pernas se levantavam e caíam como uma marionete. Isso era claramente possessão demoníaca.


Uma vez, venerei o ícone da Mãe de Deus de Sitka10 e experimentei uma incrível sensação de calor, lágrimas de humildade e amor, clareza mental e paz. Foi como caminhar na frente de uma janela cheia de sol quente e fragrante. No templo de Kalkaji, experimentei o oposto.

Kali é frequentemente retratada como uma deusa aterrorizante, com muitos braços, pele roxa, erguendo uma cabeça humana cortada, com uma língua sangrenta pendendo de sua boca. Ela usa um colar de cabeças humanas e um cinto de braços.


Eu já tomei café com pessoas que foram importantes no movimento do yoga, hinduísmo e da Nova Era na América e que, para serem iniciadas no culto de Kali, foram induzidas a comer cadáveres humanos de cemitérios nepaleses. Não muito tempo atrás, o popular jornal britânico The Guardian reportou que sacrifícios de crianças continuam até hoje, em honra a esse demônio Kali11. Isso tudo está conectado ao hinduísmo. E está conectado ao yoga porque as posturas do yoga não são religiosamente neutras. Todas as asanas clássicas têm um significado espiritual. Por exemplo, como um jornalista relata, a saudação ao sol, talvez a série mais conhecida de asanas ou posturas do hatha yoga - o tipo mais comumente praticado na América - é literalmente um ritual hindu.


“A saudação ao sol nunca foi uma tradição do hatha yoga”, diz Subhas Rampersaud Tiwari, professor de filosofia do yoga e meditação na Hindu University of America, em Orlando, Flórida. “É uma série inteira de apreciações rituais ao sol, agradecendo por essa fonte de energia12.”


Pensar no yoga como um simples movimento físico é equivalente a “dizer que o batismo é apenas um exercício subaquático,” escreve Swami Param, da Classical Yoga Hindu Academy e do ashram Dharma Yoga em Manahawkin, N.J13.


É a deusa Kali quem tenta unir os praticantes através da shakti com Shiva por meio do yoga. No templo dela, nos arredores de Nova Délhi, vi o horrível ídolo “auto manifestado”: uma pedra com estranhos olhos de contas, bico e coberta de uma gosma amarelada e comida coalhada. No hinduísmo, os ídolos são “acordados.” Eles são vestidos. Eles são alimentados. São cantados. E são colocados para dormir. Fui parte de centenas dessas cerimônias.


Com mais de cinco milhões de leitores, a Yoga Journal é a revista de yoga mais vendida do mundo. Em um momento revelador sobre a superioridade do yoga como psicoterapia, a Yoga Journal revelou a filosofia hindu por trás da prática:


“Do ponto de vista yogue, todos os seres humanos são ‘nascidos divinos’ e cada ser humano tem em seu núcleo uma alma (atman) que habita eternamente na realidade imutável, infinita e onipresente (brahman). Na clássica declaração de Patanjali sobre essa visão... já somos aquilo que buscamos. Somos Deus disfarçado. Já somos inerentemente perfeitos e temos o potencial, a cada momento, de despertar para essa natureza verdadeira, desperta e iluminada14.”


Professores e alunos normalmente se cumprimentam com o sânscrito “namaste”, que significa “Eu honro o divino em você”. Isso é uma afirmação do panteísmo e negação do verdadeiro Deus revelado na Bíblia.

A Saudação ao Sol, ou Surya Namaskara, originou-se com o culto da divindade solar hindu Surya.


Na hagiografia e iconografia da Igreja, veneramos santos - pessoas reais que viveram retamente diante de Deus e participaram e continuam a participar de Sua luz e amor - pedindo suas intercessões. “Os ídolos”, por outro lado, escreve o Pe. Michael Pomazansky, “são as imagens de falsos deuses e o culto a eles era o culto aos demônios, ou então de seres imaginários que não têm existência; e assim, em essência, é um culto aos objetos inanimados em si mesmos15.”


Eu vi swamis – neste país, na América – transmitirem essa energia demoníaca de kundalini apenas com o olhar de uma pessoa. E, se alguém estiver aberto a isso, o corpo pode tremer e vibrar como um brinquedo de corda de lata.


E ainda assim, quando chegou o momento de eu receber essa energia amaldiçoada através do Shaktipat, um medo indescritível me tomou como uma água gelada e eletrificada, então ergui meu escudo e espada: comecei a dizer a Oração de Jesus16. Glória a Deus! Essa presença terrível foi desviada pelo Nome de Jesus. Devemos lembrar, como São Paulo escreve, “Pois a nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra os principados, contra as potestades, contra os governantes deste mundo tenebroso, contra as hostes espirituais da maldade nas regiões celestes17.”


Com essa oração como meu escudo e espada, nadei de volta para Cristo. Dei um passo para fora do país distante. Dei um passo para a Casa do meu Pai.

 

Como o yoga está relacionado com a Ortodoxia?


O yoga é uma prática psicossomática, uma interação entre mente, corpo e espírito(s). Devemos lembrar que a palavra 'yoga' significa 'jugo', como a peça de madeira fixada sobre o pescoço dos animais atrelados ao arado. São Paulo nos adverte: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos. Pois que sociedade tem a justiça com a iniquidade? Ou que comunhão tem a luz com as trevas18?”


O yoga não é Escritural, nem é parte da Santa Tradição da nossa Igreja. Tudo o que buscamos, tudo, pode ser encontrado em e através da Igreja Ortodoxa. Então, o que quereríamos do yoga?


É importante saber que no yoga, assim como em muitas escolas místicas, luzes estranhas podem acompanhar os praticantes, mas estas muitas vezes vêm de demônios ou de luzes criadas pela mente, pois o próprio Satanás se transforma em anjo de luz19. Muitos têm seguido os 'foguetes espirituais' da chamada 'nova' era. Claro, isso não é a Luz Incriada experimentada por Moisés e pelos discípulos no Monte Tabor. Não é a Luz Divina que São Gregório Palamas defendeu no século XIV contra o escolasticismo ocidental. O conhecimento direto de Deus é possível e a experiência direta também, mas o conhecimento e a experiência do mal também estão certamente disponíveis. Temos livre-arbítrio para escolher a quem e o que buscamos. Isso, claro, requer discernimento e testes, onde a responsabilidade diante de um sacerdote ou ancião experiente é absolutamente necessária. Indispensável, também, é a participação sincera nos Mistérios da Igreja. Fazemos melhor ao olhar para os mistérios de nossos corações do que entreter essas imaginações da cabeça.


Além disso, algo deve ser dito em relação à alegação de que as formas 'pop' de yoga de academia não representam perigo ou ameaça para o praticante. Alguém que tem tal opinião ou é ignorante sobre, ou escolhe ignorar, os muitos avisos que aparecem nos manuais de yoga orientais sobre o Hatha yoga praticado nessas aulas. O instrutor está ciente desses avisos e pode garantir que nenhum mal ocorrerá ao aluno?


No seu livro Sete Escolas de Yoga, Ernest Wood começa sua descrição do Hatha yoga afirmando: “Não devo me referir a nenhuma dessas práticas de Hatha Yoga sem emitir um aviso severo. Muitas pessoas causaram a si mesmas doenças incuráveis e até loucura ao praticá-las sem fornecer as condições apropriadas de corpo e mente. Os livros de yoga estão cheios de tais avisos... Por exemplo, o Gheranda Samhita anuncia que se alguém começa as práticas em clima quente, frio ou chuvoso, contrairá doenças, incusive se não houver moderação na dieta, pois apenas metade do estômago deve ser preenchida com alimentos sólidos... O Hatha Yoga Pradipika afirma que o controle da respiração deve ser feito muito gradualmente, 'assim como leões, elefantes e tigres são domesticados', ou 'o experimentador será morto', e qualquer erro pode causar tosse, asma, dores de cabeça, nos olhos e ouvidos e muitas outras doenças.” Wood conclui seu aviso sobre as posturas e a respiração no yoga dizendo: “Gostaria de deixar claro que não estou recomendando essas práticas, pois considero que todos os Hatha Yogas são extremamente perigosos20.”


Se um cristão ortodoxo quiser se exercitar, ele ou ela pode nadar, correr, fazer trilhas, caminhar e praticar alongamentos, aeróbica ou Pilates21. Estas são alternativas seguras ao yoga. Também podemos oferecer prostrações diante de Deus. A Igreja não quer que nenhum de nós seja doente ou infeliz. Devemos confiar nas prescrições de nossa Mãe, a Igreja e segui-las da melhor maneira que nossa capacidade e a graça de Deus permitirem. Ninguém deve tentar prolongar a vida do corpo à custa da alma.


Acima de tudo, não devemos confiar em nosso próprio julgamento. Devemos ser responsáveis perante alguém.


“Confia no Senhor de todo o teu coração; e não te estribes no teu próprio entendimento22.”

Como cristãos ortodoxos, sabemos que as ações de nossos corpos, como as reverências, as prostrações e fazer o sinal da cruz têm uma relação com o estado da nossa alma diante do Verdadeiro Deus. Por que deveríamos, algum dia, correr o risco de copiar ações corporais que por séculos estiveram diretamente relacionadas ao culto de demônios? Tais ações podem ter sérias consequências tanto para nossa alma quanto para nosso corpo, que pertencem a Cristo.


Que sejamos prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas23.

 

Para comentários a questões, por favor, contate o autor:

Joseph Magnus Frangipani - Joseph.Magnus9@gmail.com

 

Notas

 

  1. Reencarnação é o conceito de que a alma se move para outro corpo humano, animal ou espiritual após a morte biológica. Karma, uma doutrina fundamental como a reencarnação no Hinduísmo e no Budismo, é o princípio onde a intenção e as ações de um indivíduo influenciam o futuro. O karma remove Deus da equação, centrando você como seu próprio salvador. Samsara é o ciclo repetido de nascimento, vida e morte.


  2. Xamanismo é uma prática perigosa envolvendo o canalizar (posse) de espíritos benevolentes e malévolos, empregando transe induzido por drogas, e evocando guias espirituais, presságios e adivinhação com ossos humanos ou de animais. Bon era uma religião panteísta primitiva imersa em numerologia, astrologia, adivinhação, sacrifício de animais e magia. Esses elementos ainda existem dentro de muitas escolas do Budismo.


  3. Kundalini, um componente essencial, mas perigoso do yoga, é representada como uma serpente enrolada na base da coluna vertebral, despertada através de posturas yogis e meditação. A presença da energia 'desperta' de Kundalini, também chamada de Shakti, é dita para unir os praticantes com Shiva, o originador e deus do yoga. A abertura de vários chakra – ou pontos de pressão espiritual – ao longo do corpo por meio de posturas físicas (hatha yoga) e meditação (raja yoga) facilita esse desenrolar. Os sintomas associados ao despertar de Kundalini incluem estados alterados de consciência, aumento da pressão no crânio, tremores, aumento da pressão arterial, desejo sexual extremo, entorpecimento emocional e mais.


  4. O Bhagavad-Gita, ou “Canção de deus”, é um diálogo entre o deus hindu Krishna e um guerreiro sobre bhakti (yoga devocional), jnana ('liberação' através do conhecimento) e dharma, ou as responsabilidades espirituais de uma pessoa. Os Upanishads são escritos místicos védicos sobre a natureza da realidade e a realização última. Sutras são ensinamentos tipicamente entregues por budas ou sábios hindus.


  5. Existem muitas 'escolas' ou 'ramificações' do yoga que atendem aos diferentes tipos de praticantes. Por exemplo, quatro tipos clássicos ou primários de yoga incluem: Jnana yoga (o yoga do conhecimento direto), Bhakti yoga (o yoga da devoção), Karma yoga (o yoga da ação) e Raja yoga (o caminho 'real', que inclui Hatha, Tantra, Laya, Kundalini propriamente dito e outras formas de yoga).


  6. Rinpoche é reconhecido como um professor de Budismo “reencarnado” e realizado.


  7. São Paulo se refere a Satanás como “o príncipe da potestade do ar” em Efésios 2:2.


  8. Sanskrit para “Tu és isso” aparecendo nos Upanishads e nos subsequentes textos yogues e védicos. A frase significa que o praticante é idêntico à Realidade Suprema, ou com um deus, ou Deus.


  9. O movimento da Nova Era, assim como o Hinduísmo, é difícil de definir, mas geralmente está associado, mas certamente não limitado, ao gnosticismo, ao ocultismo, à Wicca, a transe induzidos por drogas e 'realizações', xamanismo, OVNIs, cristais, politeísmo matriarcal e o movimento LGBT, mas evita o Cristianismo Ortodoxo.


  10. Um presente dos trabalhadores da Catedral de São Miguel Arcanjo em Sitka, Alasca, este ícone milagroso excepcionalmente belo é de fato uma janela para o céu.


  11. The Guardian, sábado, 4 de março de 2006.


  12. Dru Sefton, “Is Yoga Debased by Secular Practice?” Newhouse News, 15 de julho de 2005, http://www.freerepublic.com/focus/f-religion/1445950/posts


  13. Ibid.


  14. Stephen Cote, “Virando a Psicoterapia de Cabeça para Baixo,” Yoga Journal, Maio/Junho de 2001, p.104.

    http://michaeltalbotkelly.com/standing-psychotherapy-on-its-head/


  15. Teologia Dogmática Ortodoxa, p. 323.


  16. Shaktipat é a transferência de energia espiritual demoníaca por meio de uma palavra, olhar, pensamento ou toque. A Oração: Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem misericórdia de mim, um pecador.


  17. Efésios 6:12.


  18. 2 Coríntios 6:14.


  19. 2 Coríntios 11:14.


  20. A Sandilya Upanishad dá advertências semelhantes. Veja Seven Schools of Yoga, de Ernest Wood, pgs. 78-79.


  1. Pilates é uma alternativa perfeitamente segura e apropriada ao yoga. Um sistema de fitness mental que auxilia na flexibilidade, força e foco, Pilates é uma rotina de condicionamento que enfatiza coordenação, equilíbrio e respiração. Estudos também mostraram que exercícios de alongamento são uma alternativa eficaz ao yoga no tratamento da dor nas costas.


  2. Provérbios 3:5.


  3. Mateus 10:16.

 

Traduzido por Diego Augusto Passareli.

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Pároco da paróquia Axion Estin em Sorocaba e,responsavel pela igreja GOC no Brasil, missionário da comunidade São João Maximovich em Curitiba.

"Sou um sacerdote ortodoxo e busco fiéis comprometidos com a Santa Fé, livres das heresias propagadas por aqueles que a desconhecem ou a deturpam intencionalmente. Como membro da Genuína Igreja Ortodoxa da Grécia, preservamos  fielmente a Santa Tradição e os Santos Cânones, incluindo as decisões dos Santos Concílios que anatematizam as alterações no calendário litúrgico. Seguimos a determinação do Concílio de Niceia sobre o Menaion e o Pascalion, bem como as resoluções dos Concílios Pan-Ortodoxos de 1583, 1587, 1593 e 1848."

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