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O HETERODOXO SERÁ SALVO? São Filaret de Nova York (+1985)

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Pergunta: “Se a fé ortodoxa é a única fé verdadeira, os cristãos de outras confissões podem ser salvos? Uma pessoa que levou uma vida perfeitamente justa na terra pode ser salva pela força de sua ancestralidade, embora não seja batizada como cristã?”


Resposta: "Porque ele disse a Moisés: Eu terei misericórdia com quem me aprouver ter misericórdia e terei piedade de quem me aprouver ter piedade. Logo (isto) não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que usa de misericórdia" (Romanos 9:15-16).


Na Igreja Ortodoxa temos o caminho da salvação indicado a nós e nos são dados os meios pelos quais uma pessoa pode ser moralmente purificada e ter uma promessa direta de salvação. Neste sentido, São Cipriano de Cartago diz que “fora da Igreja não há salvação”. Na Igreja é dado aquilo de que o apóstolo Pedro escreve aos cristãos (e somente aos cristãos):


O seu divino poder deu-nos todas as coisas que dizem respeito à vida e à piedade, por meio do conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude. Por elas nos deu estas preciosas e magníficas promessas, a fim de que assim vos torneis participantes da natureza divina, fugindo da corrupção que há no mundo pela concupiscência. Ora vós, aplicando todo o cuidado, juntai à vossa fé a virtude, à virtude a ciência, à ciência a temperança, à temperança a paciência, à paciência a piedade, à piedade o amor fraterno, ao amor fraterno a caridade. Com efeito, se estas coisas se encontrarem e abundarem em vós, não vos deixarão vazios nem infrutuosos no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. (2 São Pedro 1:3-8).


E o que dizer dos que estão fora da Igreja, dos que não pertencem a ela? Outro apóstolo nos dá uma idéia: “Porque é porventura a mim que pertence julgar aqueles que estão, fora? Não julgais vós aqueles que estão dentro? Aqueles que estão fora Deus os julgará” (I Coríntios 5:12-13). Deus "tem misericórdia de quem quer" (Romanos 9:18).


É necessário mencionar apenas uma coisa, que levar "uma vida perfeitamente justa", como o questionador expressou, significa viver de acordo com os mandamentos das Bem-aventuranças, o que está além da capacidade de alguém, fora da Igreja Ortodoxa, sem a ajuda da graça nela contida.


A pergunta “Os heterodoxos, ou seja, aqueles que não pertencem à Ortodoxia (a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica) podem ser salvos?”, tornou-se particularmente dolorosa e séria em nossos dias.


Ao tentar responder a esta pergunta, é necessário, em primeiro lugar, lembrar que em Seu Evangelho o próprio Senhor Jesus Cristo menciona apenas um estado da alma humana que infalivelmente leva à perdição, ou seja, blasfêmia contra o Espírito Santo (São Mateus 12:1-32). O Espírito Santo é, acima de tudo, o Espírito da Verdade, como o Salvador gostava de Se referir a Ele. Assim, blasfêmia contra o Espírito Santo é blasfêmia contra a Verdade, oposição consciente e persistente a ela. O mesmo texto deixa claro que mesmo a blasfêmia contra o Filho do Homem, ou seja, o Senhor Jesus Cristo, o Filho encarnado do próprio Deus, pode ser perdoado aos homens, pois pode ser proferido em erro ou na ignorância e, posteriormente, pode ser coberto pela conversão e arrependimento. Um exemplo de tal blasfemador convertido e arrependido é o apóstolo Paulo (veja Atos 26:11 e I Timóteo 1:13). Porém, se um homem se opõe à Verdade que ele claramente apreende por sua razão e consciência, ele se torna cego e comete suicídio espiritual, já que assim ele se compara ao diabo, que acredita em Deus e O teme, mas odeia, blasfema, e se opõe a Ele.


Assim, a recusa do homem em aceitar a Verdade Divina e sua oposição a ela, tornam-no um filho da condenação. Assim, ao enviar Seus discípulos para pregar, o Senhor lhes disse: “O que crer e for batizado, será salvo; o que, porém, não crer, será condenado” (São Marcos 16:16), pois este último ouviu a Verdade do Senhor e foi chamado a aceitá-Lo, mas recusou, assim herdando a condenação daqueles “que não deram crédito à verdade, mas puserem a sua complacência na injustiça” (II Tessalonicenses 2:12)


A Santa Igreja Ortodoxa é o repositório da Verdade divinamente revelada em toda a sua plenitude e fidelidade à Tradição apostólica. Portanto, aquele que abandona a Igreja, que dela se afasta intencional e conscientemente, junta-se às frentes dos seus adversários e se torna um renegado em relação à Tradição apostólica. A Igreja anatematizou terrivelmente tais renegados, de acordo com as palavras do próprio Salvador (São Mateus 18:17) e do Apóstolo Paulo (Gálatas. 1:8-9), ameaçando-os com a condenação eterna e os exortando a voltar ao aprisco ortodoxo. É evidente, no entanto, que os cristãos sinceros que são católicos romanos, luteranos, ou membros de outras confissões não ortodoxas, não podem ser chamados de renegados ou hereges, quer dizer aqueles que conscientemente pervertem a verdade 1 . Eles nasceram e cresceram e estão vivendo de acordo com o credo que herdaram, assim como a maioria de vocês que são ortodoxos. Em suas vidas não houve um momento de renúncia pessoal e consciente da Ortodoxia. O Senhor, que “quer que todos os homens se salvem” (I Timóteo 2:4) e “que ilumina todo o homem que vem a este mundo” (São João 1:9), sem dúvida os está conduzindo também para a salvação à Sua maneira.


1 A palavra grega para "heresia" é derivada da palavra para "escolha" e, portanto, inerentemente implica rejeição ou oposição consciente e voluntária à Verdade Divina manifestada na Igreja Ortodoxa.


Com referência à pergunta acima, é especialmente instrutivo lembrarmo-nos da resposta que São Teófano, o Recluso, certa vez deu a um indagador. O santo respondeu mais ou menos assim:


Você pergunta, ‘os heterodoxos serão salvos?’ Por que você se preocupa com eles? Eles têm um Salvador que deseja a salvação de todo ser humano. Ele cuidará deles. Você e eu não deveríamos nos atormentar com tal preocupação. Estude a si mesmo e os seus próprios pecados... Mas vou lhe dizer uma coisa. Se você, sendo Ortodoxo e possuindo a Verdade em sua plenitude, trair a Ortodoxia e entrar em uma fé diferente, você perderá sua alma para sempre.


Nós acreditamos que a resposta do santo asceta acima é a melhor que pode ser dada neste assunto.


Fonte: Orthodox Life, Vol. 34, No. 6 (Nov–Dec, 1984), pág. 33-36.



Outras Considerações


[...] [T]odos os que sem lei pecaram, sem lei perecerão, e todos os que com a lei pecaram, pela lei serão julgados. De fato, não são justos diante de Deus os que ouvem a lei, mas os que observam a lei é que serão justificados. Com efeito, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, esses, não tendo lei, a si mesmos servem de lei e mostram que o que a lei ordena está escrito nos seus corações, dando-lhes testemunho a sua própria consciência e os pensamentos, que os acusam ou defendem. Isto ver-se-á naquele dia em que Deus, segundo o meu Evangelho, há-de julgar as coisas ocultas dos homens por meio de Jesus Cristo… Tu, que (…) repousas sobre a lei e te glorias em Deus, que conheces a sua vontade, e, instruído pela lei, distingues o que é mais proveitoso, e te vanglorias de ser guia dos cegos, luz daqueles que estão nas trevas, doutor dos ignorantes, mestre das crianças, tendo na lei a regra da ciência a da verdade, tu, pois, que ensinas os outros, não te ensinas a ti mesmo! (…) Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus, transgredindo a lei! Em realidade, o nome de Deus por causa de vós é blasfemado entre as gentes, como está escrito. A circuncisão aproveita, é verdade, se guardares a lei; mas, se fores transgressor da lei, com a tua circuncisão tornas-te um incircunciso. Se, pois, um incircunciso guardar os preceitos da lei, não será, apesar da sua incircuncisão, considerado como circunciso? (Romanos, 2:12-16, 18-21, 23-26)


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Pároco da paróquia Axion Estin em Sorocaba e, responsável pela igreja GOC no Brasil, missionário da comunidade São João Maximovich em Curitiba e da Paroquia Nossa Senhora da Proteção na Pedreira -São Paulo SP.

"Sou um sacerdote ortodoxo e busco fiéis comprometidos com a Santa Fé, livres das heresias propagadas por aqueles que a desconhecem ou a deturpam intencionalmente. Como membro da Genuína Igreja Ortodoxa da Grécia, preservamos  fielmente a Santa Tradição e os Santos Cânones, incluindo as decisões dos Santos Concílios que anatematizam as alterações no calendário litúrgico. Seguimos a determinação do Concílio de Niceia sobre o Menaion e o Pascalion, bem como as resoluções dos Concílios Pan-Ortodoxos de 1583, 1587, 1593 e 1848."

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