O Primeiro Domingo da Grande Quaresma
- Paróquia Axion Estin
- 10 de mar.
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O Triunfo da Ortodoxia:"Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé"

Quando nosso Senhor Jesus Cristo na Mística Ceia conversava com seus discípulos, ao final do seu discurso disse essas palavras: “No mundo tereis aflições”. Ele então concluiu: “mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”.
O Apóstolo e Evangelista João, o Teólogo, em uma de suas epístolas de certa forma continua as palavras expressas pelo seu Divino Mestre, escrevendo: “e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé”.
Portanto, a Igreja Ortodoxa, no primeiro Domingo da Grande Quaresma celebra o Triunfo da ortodoxia, a Igreja nisso celebra a sua vitória, a vitória da Fé Ortodoxa sobre todos os ensinamentos falsos, perseguições e opressão, que ela experimentou tantas vezes em seu luminoso, mas duro caminho.
No início os judeus ferozmente e perversamente caíram sobre a jovem Igreja, e embora eles não tivessem nenhum governo independente, eles impuseram a Igreja muitos obstáculos e tristezas.
Depois deles, o poderoso Império Romano atacou a Igreja, perseguindo-a.
Esses perseguidores investiram toda a sua força, a fim de destruir completamente o cristianismo.
Eles foram bem sucedidos na instituição das mais duras perseguições,
mas no final, depois de todas as perseguições, o mundo pagão caiu aos pés da Cruz cristã.
Os apóstolos, especialmente São Paulo, advertiram os cristãos sobre o perigo contido entre aquelas pessoas que não compreendiam ou ensinavam corretamente sobre a fé, e tal mal também se manifestou.
Imediatamente após o tempo dos apóstolos, e mesmo durante o seu tempo, os primeiros hereges surgiram, com seu raciocínio incorreto e falsos ensinamentos.
Inicialmente, as heresias não causaram problemas mais sérios a Igreja, mas, quando o período de perseguição terminou, a era de heresia teve seu início.
As heresias foram então mais perigosas do que a perseguição à Igreja.
A perseguição era a opressão vinda de fora da Igreja, logo, os fiéis não tinham nada a temer perante a perseguição. A Igreja, durante o período das perseguições, estava mesmo sendo adornada pelo sangue dos mártires.
Já as heresias buscavam destruir a Igreja a partir do seu interior.
A primeira das grandes e perigosas heresias foi a heresia de Ário, que perturbou a Igreja por quase cem anos. O arianismo continuou perturbando a Igreja mesmo depois da morte de Ário - uma morte que era como a morte vergonhosa de Judas, o traidor.
Havia outras heresias, a última das quais perturbaram a Igreja por um longo período.
Esta foi a heresia iconoclasta.
Esta heresia foi especialmente difícil para a Igreja porque os imperadores foram seduzidos por ela, e nisso se colocaram contra a veneração de ícones, e nisso cruelmente perseguiram os defensores da justa veneração.
Mas tudo isso passou, e no Sétimo Concílio Ecumênico foi confirmada a veneração dos ícones, e o triunfo da ortodoxia foi proclamado - a vitória da nossa fé sobre todos os seus inimigos, a vitória sobre todos os ensinamentos falsos e perseguições.
Mais do que qualquer outro dia, o dia de hoje nos lembra que todos nós devemos examinar nossa ortodoxia.
Você é ortodoxo em todas as coisas?
Se você se chama ortodoxo e está convencido de que você é ortodoxo, o triunfo da ortodoxia é o seu triunfo. Mas você ainda deve se esforçar, para que a caracterização "ortodoxo", que tem sido aplicada a você, corresponda à realidade.
A base de nossa fé é precisamente confessada, de forma concisa, e exaustivamente em nosso credo.
No Credo todos os pontos essenciais da nossa fé são expostos.
É útil então, não só neste momento, mas sempre, verificar estes pontos e lembrar que se até mesmo um único ponto do Credo não é aceito por nós completamente e com reverência, então a nossa ortodoxia, como se costuma dizer, não resistiu ao teste.
Na verdade, existem muitas coisas em nossa fé que as pessoas duvidam, embora ainda assim se considerem ortodoxos.
Há um exemplo de um comerciante, em Moscou, que, por sua própria conta, manteve uma bela lâmpada acesa perpetuamente diante de um ícone da Mãe de Deus de Iveron.
Quando os amigos o elogiavam por tal piedade e zelo, ele respondia: "Sim, sim, pode vir a ser útil, pois talvez haja realmente alguma coisa lá na próxima vida".
Vejamos! Ele não estava completamente convencido de que lá, no além-túmulo "haveria alguma coisa", mas "por via das dúvidas" ele mantinha uma lamparina acesa.
Há então pessoas que duvidam de muitos outros aspectos da nossa fé.
Há aqueles que não só quebram o jejum (não por causa da doença), mas simplesmente não se consideram obrigados a manter os jejuns. Isso já não é ortodoxia.
São Serafim de Sarov, em seu tempo, não desistiu da convicção de que a pessoa que não mantinha o jejum não era nem mesmo cristã. Este santo padre disse: "Não importa o quão ortodoxa uma pessoa se considere ser, se ela não manter os jejuns, não obedece a Igreja, então ele não é um cristão".
Na verdade, o próprio Senhor disse que uma pessoa que não ouve a Igreja, que não a obedece, é como um publicano e um pagão.
Portanto, devemos examinar nossa ortodoxia.
Se de fato, a sua consciência lhe diz que você aceita com reverência toda a riqueza e beleza contida em nossa fé como algo sagrado, como sendo ensino sobre a verdade trazida do céu, então você é realmente Ortodoxo e o Triunfo da Ortodoxia será o seu triunfo e sua vitória. Amém.


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