O Triunfo da Ortodoxia
- Paróquia Axion Estin
- 10 de mar.
- 6 min de leitura
Sinaxário do Domingo do Triunfo da Ortodoxia

Neste Primeiro Domingo da Grande Quaresma, o Domingo da Ortodoxia, a Igreja de Cristo celebra a restauração dos santos e veneráveis ícones pelo Imperador Miguel, pela santa e bem-aventurada Imperatriz Teodora, e por São Metódio, Patriarca de Constantinopla.
Na complacência de Deus, Leo, o Isaurio, um porqueiro e burriqueiro, herdou o cetro do trono. Naquele tempo, São Germano estava no timão da Igreja [de Constantinopla]. Leo mandou busca-lo e lhe disse: "Já que me parece que não há diferença entre os ícones e os ídolos, ordena que sejam removidos imediatamente dentre nós. Ainda que sejam a verdadeira imagem dos santos, que sejam colocados mais alto nas paredes, para que nós que nos chafurdamos em pecados não os maculemos venerando-os". Mas o Patriarca respondeu assim à abominação do Imperador: "Ó Rei, ouvimos de alguém que uma vez levantou sua mão contra os santos ícones. Este se chamava Conão. Serás tu esse homem?" O Imperador disse: "Assim me chamava em minha infância". E como o Patriarca se negou a obedecer-lhe, o Imperador o depôs e instalou a Atanásio, que simpatizava com ele. E assim, começou a luta contra os santos ícones naquele tempo. Depois deste Leo, Constantino Coprônimo herdou tanto o reino como os selvagens ataques contra os ícones. E que pode dizer-se sobre o número e a classe de obras que fez este homem iníquo, exceto que teve um fim vergonhosíssimo? Seu filho, cuja mãe era kázara, herdou o reino depois dele e também teve um mal fim. Irene e Constantino ascenderam então ao trono.
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Segundo a instrução do santo Patriarca Tarásios, estes convocaram o Sétimo Concílio [787 d. C.], e os santos ícones foram aceitos de novo na Igreja de Cristo. Depois que renunciaram ao reino, Nicéforo ascendeu ao trono. Depois dele vieram Estaurácio e Miguel Rhagnabé, que eram ambos iconófilos (veneradores de ícones).
O bestial Leo, o Armênio, se apoderou do trono de Miguel, e sendo enganado por um eremita impio, começou o segundo iconoclasmo. Então a Igreja foi de novo privada de sua beleza. Sucedeu-lhe Miguel o Armoriano, cujo filho Teófilo dirigiu então esta segunda loucura contra os ícones. Pois este foi o Teófilo que entregou a muitos santos padres a tormentos e torturas, não buscando a verdade sobre os santos ícones e crendo o que queria. Dizia: "Se alguém na cidade tem a intenção de rebelar-se, será preso logo depois de que eu me inteire". E depois de reinar por doze anos, foi afligido com uma desordem intestinal que o levou a desejar a morte. Abria sua boca tão amplamente, que inclusive seus órgãos internos ficavam visíveis. A Imperatriz estava tão perturbada pelo que ocorria que apenas podia dormir. E em um sonho viu a Santíssima Mãe de Deus sustentando o Menino Pré-eterno, rodeada de luminosíssimos anjos. Estes golpeavam e humilhavam a seu esposo Teófilo. Quando acabou o sono, recobrando seu juízo, Teófilo exclamou: "Ai de mim em minha miséria! Tenho sido afligido por causa dos santos ícones". E imediatamente a Imperatriz levantou um ícone da Mãe de Deus sobre ele e lhe suplicou com lágrimas. Teófilo, sendo levado a dar-se conta que um dos clérigos que lhe rodeava tinha posto um encólpio (relicário que se carrega no pescoço), o tomou e o beijou. Tão pronto seus lábios tocaram o ícone, abriu amplamente sua boca, regressando a normalidade. Assim foi aliviado de sua adversidade e aflição e pôde dormir enfim, depois de confessar que era bom venerar os santos ícones. Então a Imperatriz, trazendo os santos e preciosos ícones de sua habitação, convenceu a Teófilo de que os beijasse e venerasse com todo seu coração. Teófilo morreu pouco tempo depois.
Teodora ordenou então que todos os que estavam na prisão e no exílio fossem postos em liberdade. João foi deposto do trono patriarcal, já que era mais um mago e adorador de demônios que Patriarca. Então Metódio, um confessor de Cristo, ascendeu ao trono patriarcal depois de haver sofrido muito, sendo trancado numa cova para que morresse.
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Enquanto isto ocorria, Joanicio, o Grande, que praticava o ascetismo no Monte Olimpo, recebeu uma visita divina. O grande jejuador Arsácio veio a ele e disse: "Deus me enviou para ti, para que possamos ir ao justo Isaías, o Recluso, na Nicomédia e nos instruamos acerca do que Deus quer e o que é justo para sua Igreja". Quando chegaram ao venerável Isaías, este lhes disse: "Assim diz o Senhor: ‘Eis aqui que se aproxima o fim dos inimigos de Minha imagem. Vão diante a Imperatriz Teodora e o Patriarca Metódio e diga-lhes: 'Deixem de fazer o que não é santo, e ofereça-nos sacrifício junto aos anjos venerando a face de Minha imagem e a Cruz'". Ouvindo isto, foram imediatamente a Constantinopla e disseram tudo isto ao Patriarca e a todo o povo de Deus congregado. A congregação foi então à Imperatriz, que esteve de acordo com tudo, pois esta é a piedosa tradição dos Padres, cheia de amor divino. A Imperatriz trouxe imediatamente a imagem da Mãe de Deus para que todos a vissem, e venerando-a disse: "Sejam condenados todos os que não veneram as imagens beijando-as com amor, mas não em adoração como a ídolos, mas como imagens por amor a seus arquétipos". E se regozijaram com grande gozo. Em resposta, ela lhes suplicou que rogassem por seu esposo Teófilo, e vendo sua fé, obedeceram. O Patriarca Metódio congregou a todo o povo entre os santos, e se dirigiram a Grande Igreja de Cristo [Hagia Sophia]. Entre os congregados estavam Joanicio, o Grande do Olimpo, Arsácio, Pancrácio e os discípulos de Teodoro, o Estudita, e os confessores Teófanes e Teodoro Grapto, Miguel da Cidade Santa, e muitos outros. E rogaram a Deus com lágrimas por Teófilo durante toda a noite. Isto ocorreu durante a primeira semana do Grande Jejum, tomando parte a própria Imperatriz Teodora, todas as mulheres e todo o povo. Havendo completado as orações, a Imperatriz Teodora se retirou ao amanhecer de quinta-feira, e sonhou que estava ao pé da Cruz, e que havia muitas pessoas que passavam ruidosamente levando instrumentos de tortura. Ao reconhecer ela ao Imperador Teófilo entre os que eram levados com suas mãos atadas às costas, seguiu ao grupo e a seus guardas. Ao chegar às portas, ela teve uma visão sobrenatural: um homem sentando diante a imagem de Cristo e Teófilo sendo trazido diante ele. Alcançando seus pés, a Imperatriz rogou pelo Imperador. E o varão abriu sua boca, dizendo: "Grande é tua fé, ó mulher. Sabe que por tuas lágrimas e tua fé, assim como pelas orações e pedidos de Meus servos e Meus sacerdotes, concedo o perdão a teu esposo Teófilo". Então disse a os guardas: "Soltem-no e entreguem-no a sua esposa"; e tomando-o ela, se foi alegremente. E imediatamente saiu do sono.
O Patriarca Metódio escreveu em um rolo os nomes de todos os Imperadores hereges, incluindo a Teófilo, enquanto se ofereciam orações e pedidos, e o colocou debaixo do altar. Mas na quinta-feira veio um anjo grande e terrível e entrou no templo, e vindo a ele lhe disse: "Tua petição foi ouvida, ó bispo, e o Imperador Teófilo recebeu o perdão. Não insistas mais sobre isto diante a Divindade". E querendo confirmar a verdade desta visão, o Patriarca desceu de seu lugar, e tomando o rolo, descobriu ao abri-lo que - ó, os juízos de Deus!- toda referência ao nome de Teófilo havia sido apagada por Deus.
Ouvindo isto, a Imperatriz se regozijou grandemente e pediu ao Patriarca congregar a todo o povo com ícones e cruzes na Grande Igreja, para que fosse adornada com os santos ícones e para que o novo milagre de Deus fosse conhecido por todos. E quando todos se haviam congregado na igreja segurando velas, a Imperatriz chegou com seu filho. Uma Litia foi celebrada com os ícones, o madeiro da divina e preciosa Cruz, e os santos e divinos Evangelhos. E deixando a Igreja clamaram "Senhor, tem piedade!", indo em procissão pelo caminho indicado. Então regressaram a Igreja, onde a Divina Liturgia foi celebrada. Quando os santos e preciosos ícones foram restaurados a seu lugar, os santos mencionados antes e os piedosos governantes foram glorificados, e os ímpios que não aceitavam a veneração dos santos ícones foram anatematizados e condenados. E desde então estes santos confessores ordenaram a comemoração anual desta solenidade, para que nunca mais caiamos em uma ignomínia similar.
Ó imutável Imagem do Pai, pelas orações de Teus santos confessores, tem piedade de nós. Amém.
(Tirado do Triodion, siest' Tripesnets: Triod' Postnaya, Moscou, 1904).
O Primeiro Domingo da Grande Quaresma - Tropário - Tom II:
Adoramos a Tua Sagrada Imagem, ó Bom, implorando o perdão de nossos pecados, ó Cristo Deus; pois aceitaste por Tua própria vontade subir à cruz na carne, para livrar da escravidão ao inimigo aqueles que Tu criaste. Por isso agradecidamente clamamos a Ti: Tu encheste todas as coisas de alegria, ó nosso Salvador, vindo salvar o mundo.
Kontáquio - Tom VIII:
O Ilimitado Verbo do Pai aceitou limitações ao encarnar em ti, ó Mãe de Deus; e Ele transformou nossa imagem profanada em seu estado original e transfundiu-a com a divina beleza. Mas nós confessamos e damos graças por nossa salvação, e nós a proclamamos por ação e palavra.
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