Sermão para o Domingo de São Gregório Palamas
- Paróquia Axion Estin
- 18 de mar.
- 14 min de leitura

Bispo Máximo de Pelagonia
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Ao tomar a peito louvar nosso pai entre os santos, Gregório Palamas, Arcebispo de Tessalônica, Taumaturgo, patrono deste sagrado monastério, não tenho o propósito apenas de louvar as virtudes deste homem, mas de louvar a virtude em si mesma, pois nosso pai entre os santos Gregório conteve e manifestou em sua pessoa não apenas uma ou duas virtudes, como é comum entre muitas pessoas santas, mas todo o conjunto das virtudes; nesta única pessoa santa irmanaram-se a um tempo todas as virtudes, e se cantamos louvores às virtudes dos santos, é ao próprio Deus que louvamos, pois Deus é a fonte e a nascente de todas as virtudes; e nosso Santo Padre Gregório, em meio a todos os santos que viveram desde os mais remotos tempos, desde as épocas do Antigo Testamento, desde os tempos apostólicos, e durante todo o transcurso da história, foi ele quem, mais que todos, expressou a doutrina ortodoxa acerca da graça de Deus e do modo como Deus intervém em nossa vida, e explicou como as virtudes que os santos possuem não são meramente ações corpóreas, não são meramente estados psicológicos, mas são, em verdade, a habitação do Espírito Santo no interior deles.
Diz Nosso Senhor Jesus Cristo no Evangelho: pelos frutos conhecereis; e ainda: a boa árvore dá frutos bons, a árvore má, frutos maus. Uma vez, pois, que nosso pai entre os santos Gregório foi o mais doce e deleitável fruto a ser oferecido a Deus, convinha que seus pais, a árvore da qual ele brotou, fossem também sublimes e virtuosíssimos cristãos.
Nosso pai entre os santos Gregório nasceu no fim do século XIII na Ásia Menor, e
seus pais se mudaram para Constantinopla quando ele ainda era muito jovem, pois andavam os turcos invadindo aquelas regiões e todos iam em fuga para Constantinopla (1). Seu pai, membro da nobreza, era um conselheiro do imperador Andrônico II Paleologo. Conta-se, a respeito do pai de nosso santo, que, durante uma conferência do imperador com seus ministros e principais conselheiros, observaram que o pai de São Gregório, em vez de dar atenção aos assuntos de estado em discussão, estava imerso em oração noética interior. Ao conselheiro que comentou sobre isso, o imperador, que era ele mesmo um homem piedoso e justo, respondeu: “É ele quem escolheu a melhor parte, é ele quem está contemplando coisas divinas, enquanto nós discutimos coisas terrenas.” Eis que o pai de São Gregório obteve a admiração do imperador e a admiração de toda a corte por conta de seu modo de vida piedoso e excelente.
E se os pais são virtuosos, piedosos e devotos, e se educam seus filhos no temor de Deus, não deve nos espantar que, além de gerar descendência piedosa, eles produzam mesmo santos. Isso foi algo comum na história da Igreja. Lemos sobre a família de São Basílio o Grande, na qual o pai era santo, a mãe era santa, todos os filhos eram santos. Lemos sobre São Gregório Teólogo, cujo pai era santo, cuja mãe era santa, cujos irmãos e irmãs eram todos santos – e ele, claro, o mais destacado. Então vocês que são pais e mães, pessoas de família, saibam que vocês também podem atingir a santidade, como fizeram os pais de São Gregório; e, além disso, se educarem seus filhos no temor de Deus, eles podem crescer e se tornar luminares, receptáculos da luz divina.
Pois bem, nosso pai entre os santos rapidamente completou sua educação regular, ou seja, foi educado em retórica, em filosofia e em literatura antiga, o qual era o currículo padrão naqueles tempos, e o qual é, na verdade, o melhor currículo que pode ser prescrito a qualquer estudante, e por isso recebe o nome de educação clássica, tão válida e proveitosa hoje como era nos séculos XIII e XIV. Depois de concluir sua educação secular, ele imediatamente renunciou ao mundo e a todos os seus benefícios, e partiu para um mosteiro.
Ora, sendo jovem e recém iniciado na vida monástica, ele ainda não alcançara as alturas de virtude que haveria de conquistar mais tarde em sua vida, e sabia que ainda vivia com certas paixões, sabia que sua mente ainda estava obscurecida, porque ele ainda não recebera a iluminação do Espírito Santo. O que fez ele então? Vivendo em um monastério na Trácia (antes de ter ido ao Monte Athos), ele passa três anos suplicando à Nossa Santíssima Senhora Theotokos que ela o ilumine. A oração que ele dizia continuamente, dia e noite, era: Santíssima Theotokos, ilumina minha escuridão. Ele repetiu esta oração sem cessar, dizendo-a do fundo do coração. Ele tinha grande devoção por Nossa Santíssima Senhora Theotokos, e Nossa Santíssima Senhora Theotokos, vendo sua devoção, vendo sua sinceridade, vendo sua boa intenção, e vendo o esforço que ele colocava em sua oração, respondeu à sua súplica e concedeu-lhe a graça da oração perpétua e a graça da iluminação.
E nosso Santo Padre Gregório, tendo experimentado em sua própria vida como Nossa Santíssima Senhora Theotokos intercede em favor de todos os cristãos que piedosamente a honram, foi o maior devoto de Nossa Santíssima Senhora. Ele pregou sobre seu divino poder em toda ocasião, e, se tiverem oportunidade, leiam as homilias de nosso Santo Padre sobre a entrada de Nossa Santíssima Senhora no templo, e sobre o modo como ela recebeu a graça divina, e como nós, sejamos monges ou leigos, se desejamos receber a graça divina, é através dela que a receberemos (2). E não foi tudo isto uma mera ideia a que ele chegou por raciocínios teoréticos, mas foi, ao contrário, algo que ele experimentou em sua própria vida.
Agora, nosso pai Gregório, desejando experimentar uma hesiquia ainda maior, isto é, uma tranquilidade e uma quietude ainda maiores; a fim de se devotar a Deus completamente, sem qualquer distração, foi à sagrada montanha de Athos, a capital do monasticismo tanto naqueles tempos como nos nossos tempos.
Foi, viveu no deserto, chegou a alturas divinas, recebeu a graça do Espírito Santo, e, como resultado de seus grandes esforços, sendo visível a todos sua suprema virtude, fizeram-no abade do monastério de Esphigmenou. Pouco depois disso, o demônio, incapaz de suportar ver os santos de Deus progredir em virtude, incapaz de suportar ver os frutos da ortodoxia manifestados na prática, na Sagrada Montanha e alhures, levantou-se e criou uma heresia a fim de perturbar a Igreja de Deus.
E assim foi que um monge da Calábria, uma região ao sul da Itália cujo idioma naquele tempo era o grego, mas onde não obstante comemorava-se o Papa de Roma (eram, em certo sentido, como os Uniatas): um monge chamado Barlaão veio a Constantinopla e angariou certa reputação como professor de teologia. No entanto, sua teologia era exclusivamente intelectual; não era a teologia dos Santos Padres, pois nestes lemos, uma vez após a outra, que o verdadeiro teólogo é aquele que ora, que aquele que ora é o verdadeiro teólogo. Barlaão não era este tipo de teólogo; ele era o teólogo que, em vez de orar, simplesmente lia livros.
E ele, a partir de conversas que teve com alguns monges do Monte Athos, os quais não eram perfeitamente iniciados nas tradições dos Santos Padres com respeito à oração de Jesus, ou não praticavam corretamente os métodos dessa oração, e interpretando o que eles diziam com base em seus próprios pressupostos errados, chegou à conclusão de que a oração de Jesus, rezada pelos monges do Monte Athos, era algum tipo de prática supersticiosa. E começou a atacar os monges que faziam a oração de Jesus – Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, pecador. Começou a atacar aqueles que aplicavam técnicas a fim de conectar a oração de Jesus com a respiração na intenção de manter um ritmo constante de oração - porque temos de respirar continuamente ao longo do dia para sobreviver, então se conectarmos a oração à respiração, de acordo com nossos Santos Padres, este é um método de assegurar que nossa mente permaneça concentrada na oração, que ela não se desvie para imaginações vãs, e que possamos manter a oração incessantemente - ou quase incessantemente, pois a verdadeira oração perpétua não é resultado de nossos próprios esforços, mas é um dom divino.
Nosso pai entre os santos, não sofrendo ouvir tais difamações à prática dos monges hesicastas, vindas de alguém que nada sabia sobre a verdadeira oração, que nada sabia sobre a verdadeira teologia, e inflamado pelo Espírito Santo, começou a escrever em defesa da santa fé (3). Isso se tornou uma grande controvérsia e, ao final, houve um Concílio em Constantinopla (4), no qual os ensinamentos de nosso pai Gregório triunfaram e o herege Barlaão foi envergonhado. Despois disso, Barlaão retornou à Calábria e ali se tornou Católico Romano.
Agora, a Santa Igreja de Deus, vendo a eminência de nosso pai Gregório, vendo que ele era o campeão da Ortodoxia, elegeu-o bispo de Tessalônica. Mas, estando ele no navio, em viagem de Constantinopla para Tessalônica, foi capturado por piratas turcos que naquele tempo infestavam os mares à caça de cristãos, os quais eles sequestravam e vendiam como escravos. Muitos desses cristãos que foram vendidos como escravos desapareceram e nunca mais se ouviu falar neles.
Ora, São Gregório renderia grande recompensa para um pirata, pois era uma pessoa eminente, em vias de se tornar o metropolita de Tessalônica; por isso o levaram ao emir turco. O emir turco o interrogou sobre a fé cristã, e nosso pai entre os santos começou a explicar, desde o início, as doutrinas do cristianismo, e por quais razões o cristianismo é a fé verdadeira e o islã é um desvio do verdadeiro culto a Deus. E as palavras de São Gregório foram tão convincentes, e abalaram os corações de tantos dentre os turcos, que o emir turco teve de impedi-lo de falar, temeroso de que todos se tornassem cristãos ao ouvir tão santas palavras. E ia deveras considerando condená-lo à morte, embora estivesse impressionado com ele como pessoa.
Mas, pela graça de Deus, certos cristãõs piedosos pagaram pelo resgate de São Gregório, e sendo libertado, ele foi à grande cidade de Tessalônica, que naquele tempo era a segunda cidade mais importante no Império Bizantino - ou Império Romano do Oriente.
Ora, Tessalônica naquele tempo era agitada por divisões e conflitos políticos. Acontecia ali uma revolução, na qual as classes baixas se levantaram contra as classes altas, confiscaram suas propriedades, expulsaram-nos da cidade e estabeleceram um governo revolucionário, que simulava lealdade ao imperador mas funcionava, na prática, de acordo com suas próprias regras.
Nosso pai, portanto, chegou à cidade em meio a uma situação muito difícil, talvez um dos primeiros exemplos, na história, de luta de classes e revolução. E o que fez nosso pai? Nosso pai foi ter com cada uma dessas facções e entrou em termos de paz com todas elas. Ele persuadiu os revolucionários a devolver as propriedades à classe mais rica; ele persuadiu a classe mais rica a tratar com justiça e benevolência aos desfavorecidos, a dar aos pobres, a não abusar de sua posição; numa palavra, ele estabeleceu a paz onde parecia impossível haver paz, e fazendo isso cumpriu as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: bem-aventurados os pacificadores.
Mas a verdade é que nosso pai entre os santos não realizou apenas uma beatitude, mas todas elas. Pois mesmo entre os Santos Padres da Igreja, dificilmente se encontrará um maior do que São Gregório; entre os que se distinguem por seu modo de vida prático e por seu asceticismo, São Gregório brilha tanto quanto eles, ou ainda mais que eles; e entre os que se distinguem pela profundidade de sua teologia e por sua explicação da fé ortodoxa e por sua importância na história da ortodoxia, poucos ou nenhuns se acharão tão destacados quanto nosso pai Gregório.
Lemos sobre os santos antigos como, sempre que surgia uma grande heresia a atacar a Igreja, sempre Deus levantava um grande santo para defender a ortodoxia. Lemos como Deus levantou Santo Atanásio o Grande para combater o arianismo. Lemos sobre o macedonianismo, a negação do Espírito Santo, e como Nosso Senhor levantou São Basílio o Grande e São Gregório Teólogo para combater esta heresia. Lemos sobre o herege Nestório, que dividiu Cristo em duas pessoas, e como São Cirilo de Alexandria o combateu. E São Máximo Confessor, o herói da Igreja contra a heresia do monotelismo. São João Damasceno e São Teodoro Estudita, os heróis contra o iconoclasmo. E assim foi que, quando a heresia de Barlaão e de seus seguidores Akyndinos e Grégoras atacou a graça do monasticismo e sua prática, Nosso Senhor Jesus Cristo levantou um luminar a fim de defender a verdade.
Que heresia era essa que eles pregavam? E qual foi a verdade que nosso santo defendeu?
Estas pessoas, que não tinham qualquer experiência da vida espiritual, que pensavam na teologia em termos puramente intelectuais, em termos puramente proposicionais, estas pessoas recusavam-se a aceitar a tradição da Igreja e afirmavam que Deus é tão completamente uno, tão completamente simples e unificado que não podemos fazer, Nele, absolutamente nenhuma distinção. Afirmavam que não existe distinção alguma entre a essência e a energia de Deus. O que isto significa? Por essência de Deus nós entendemos (ou melhor, não entendemos, pois é impossível entender) aquilo que Deus é, o que é Deus. É impossível entender isto, mas estas pessoas diziam que podiam entendê-lo com a mente humana. E pelas energias de Deus nós entendemos o que Deus faz, suas atividades, a graça que ele envia sobre os santos.
Ora, nosso pai Gregório percebeu que havia apenas duas opções, apenas dois corolários possíveis, caso seguíssemos essa terrível heresia de identificar energia e essência: ou isto significaria que o homem, ao participar na graça de Deus, seria absorvido em Deus - uma forma de panteísmo; ou significaria que a graça de Deus é apenas um efeito criado, em outras palavras, que a graça de Deus não passa de um estado psicológico.
Bem, isto era inaceitável, porque, de um lado, nós, como cristãos, não somos panteístas, não acreditamos que nos tornaremos idênticos a Deus, que seremos absorvidos em Deus, como poderia dizer, talvez, um hindu; nem acreditamos que a graça que um cristão recebe de Deus seja simplesmente um efeito psicológico. Ao contrário, nós cremos que é verdadeiramente Deus habitando dentro de nós, e que, como São Gregório e os demais santos proclamam, nós nos tornamos, por graça, o que Deus é por natureza. E assim São Gregório preservou o ensino correto: de que uma pessoa pode verdadeiramente participar em Deus - não se trata de um mero efeito exterior, de um estado psicológico; trata-se, na verdade, de participação verdadeira na vida divina.
Nosso pai entre os santos Gregório defendeu isto em prejuízo próprio: fervilhavam ao mesmo tempo certas questões políticas, mas ele não vacilou diante de mudanças políticas, antes falou a verdade abertamente, com ousadia, à revelia de sua própria segurança e benefício pessoal. E como resultado Nosso Senhor Jesus Cristo o exaltou acima de todos os seus contemporâneos e fez dele um singular vaso da graça – porque, como diz São Máximo, aquele que tem a confissão correta da ortodoxia é santificado; e nosso pai entre os santos Gregório não apenas foi santificado por seus feitos ascéticos, mas também por sua confissão da ortodoxia. Ele sabia, e experimentou em sua vida, que a graça que nós recebemos de Deus como resultado da purificação é uma transformação genuína, é a entrada na nova vida, é, como diz um cânone, possivelmente de autoria de São João Damasceno: uma vida nova e diferente - a vida do espírito e o início da deificação.
Nosso pai entre os santos Gregório ensinou sobre a luz divina e incriada. Nós sabemos que muitos dentre os santos, talvez todos os santos, quando tinham uma visão de Deus, contemplavam-No como luz. Ora, que é essa luz? Segundo Barlaão e os hereges, esta luz não passa de um efeito criado, não muito diferente da luz que emitem as velas e os candelabros. Nosso pai Gregório, no entanto, explicou que essa luz é a luz da Divindade Incriada, é a luz incriada, é a deificação do ser humano, a participação dos santos na própria vida de Deus, esta mesma luz que Nosso Senhor Jesus Cristo manifestou a seus discípulos no Monte Tabor na Transfiguração.
Ora, nosso pai Gregório não estava inventando nenhuma doutrina nova; pelo contrário, tudo que ele dizia era tomado dos Santos Padres, tudo que ele dizia já o haviam dito antes - talvez de forma menos clara, mas não obstante o mais explicitamente - São Basílio Magno, São Gregório Teólogo, São Gregório de Nissa, São Dionísio Areopagita, São Máximo Confessor, São Simeão o Novo Teólogo. Nosso pai Gregório estava seguindo a linha de ensinamento de todos os maiores santos da Igreja, e quão importante é para nós entender que verdadeiramente é possível para nós tomar parte com Deus! que verdadeiramente é possível para nós adentrar a vida divina, que verdadeiramente é possível para nós ter a experiência da graça divina e nos tornar partícipes do Espírito Santo.
Se é isso mesmo que desejamos, se desejamos verdadeiramente receber a graça de Deus, então temos a vida de São Gregório como um modelo para emular. Vocês que são pais e mães, pessoas casadas vivendo no mundo, imitem a vida dos pais de São Gregório, que se tornaram eles mesmos santos, que formaram um grande luminar da Igreja. Vocês também, se criarem seus filhos corretamente, podem produzir e oferecer a Deus as primícias de sua virtude.
Vocês que são monges, entendam que vocês têm paixões, que precisam ser purificados de suas paixões, como São Gregório, e saibam que Nossa Santíssima Senhora Theotokos é nossa protetora, nossa defensora, nosso abrigo, nossa intercessora diante de Deus, e que ela possui graça divina e no-la pode conceder, basta que clamemos por sua intercessão.
Vocês que são abades ou sacerdotes, que são responsáveis por seus rebanhos, imitem nosso santíssimo pai Gregório em seu cuidado pastoral, em todas as virtudes que ele adquiriu. Que virtudes são essas? Nosso pai adquiriu a virtude da justiça, a virtude da sabedoria, a virtude da temperança, a virtude da fortaleza - estas são chamadas as quatro virtudes cardeais; ele também conquistou, pela graça de Deus, aquelas que são chamadas as virtudes teologais: fé, esperança e amor. Vocês também podem alcançar estas virtudes se seguirem a vida e o exemplo de nosso pai Gregório.
E àqueles dentre nós que são hierarcas (e a estes, dirijo-me envergonhado, devido à minha falta de piedade e de devoção à verdadeira vida cristã e hierárquica), estes podem imitar nosso pai Gregório em seu cuidado pastoral, na propagação da palavra do evangelho a todos os cristãos – pois ele falava de maneira acessível a todos, e ainda assim os elevava às alturas do entendimento das coisas divinas. Imitemo-lo também na pregação da verdade da Ortodoxia, a despeito das adversidades que nos confrontarem, a despeito da tentação, que podemos ter, de atenuar um pouco nossas palavras a fim de não ofender alguém: pois, bem ao contrário, devemos imitar nosso pai Gregório e pregar a palavra da verdade com ousadia, de modo que a verdade da Ortodoxia sempre prevaleça, porque sabemos que Nosso Senhor Jesus Cristo é a própria Verdade, e que a verdade sempre prevalecerá sobre as mentiras, que a luz sempre prevalecerá sobre as trevas, que Cristo sempre prevalecerá sobre o diabo.
Devemos ter esta fé firme, não podemos jamais vacilar em nossa devoção e dedicação à Ortodoxia, e todos nós que somos cristãos, independentemente de nossa posição, independentemente de nossas circunstâncias na vida, podemos nos dedicar à oração de Jesus – Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, pecador (mas façamo-lo sob a coordenação de um pai espiritual e em obediência a ele) - e assim poderemos nos purificar das paixões, receber a iluminação do Espírito Santo, que é em verdade a graça incriada de Deus, e talvez algum de nós seja tido por digno de contemplar aquela luz divina e incriada da qual tanto falou nosso pai Gregório.
É, pois, minha oração a nosso pai Gregório, cuja festa celebramos hoje, que ele interceda em favor de todos vocês, que interceda em favor deste santo monastério; e eu lhes relembro que tudo que estamos fazendo aqui agora, todos os grandes trabalhos que estão sendo realizados nesta comunidade, seja o monastério, ou o convento, ou o seminário, ou a paróquia, ou os peregrinos que aqui vêm (eu próprio incluso): que tudo isto nasceu da semente do monastério de São Gregório Palamas que aqui foi plantada há muitos anos, porque a semente foi plantada com piedade, devoção, sinceridade e amor a Deus, e cresceu para se tornar uma grande árvore, da qual nós somos os ramos, e todos nós participamos, assim, da bênção que São Gregório Palamas concedeu a esta comunidade. Oremos a ele para que continue a enviar-nos sua bênção, que continue a nos inspirar, que continue a nos guiar, para que também nós participemos na graça incriada de Deus que ele pregou ao longo de toda a sua vida.
Ao nosso Deus, que é um em Trindade, incompreensível em sua essência mas acessível em suas energias àqueles que com fé e esperança se aproximam Dele, a Ele seja a glória, a honra e o poder para sempre. Amém.
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(1) Outras fontes afirmam que São Gregório nasceu em Constantinopla, em 1296.
(2) As homilias de São Gregório sobre a Theotokos foram publicadas em inglês: Mary the Mother of God: Sermons by Saint Gregory Palamas, Mount Thabor Publishing, 2005 (2ª ed. Em 2013).
(3) A respeito dessa controvérsia, alguns livros de São Gregório foram traduzidos ao inglês. V., e.g., Dialogue Between na Orthodox and a Barlaamite, Binghamton University; The Triads, Paulist Press, Mahwah, New Jersey, 1983. Há também dois textos em torno deste assunto na Filocalia: The Philokalia. The Complete Text: vol. 4, Faber and Faber, Chatham, Kent, 1995: In Defence of Those who Devoutly Pratise a Life of Stillness, à p. 331; e The Declaration of the Holy Mountain in Defence of Those who Devoutly Practise a Life of Stillness, à p. 418.
(4) O Quinto Concílio de Constantinopla (às vezes chamado de Nono Concílio Ecumênico), uma série de cinco concílios entre 1341 e 1368.





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