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Uma Palavra de São Gregório Palamas Sobre Nomes e Energias

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A heresia muito condenada do início do século XX, a “Onomatolatria - Adoradores do Nome” (Name-Worshipping) [1], recentemente atraiu novos adeptos entre os membros do Sínodo da Santa Igreja Ortodoxa na América do Norte (HOCNA). [2] Apesar da importância do fato de que entre os apóstolos mais fervorosos dessa heresia dos últimos tempos estavam o Padre Pavel Florensky e o Padre Sergei Bulgakov (cujas especulações sofrológicas seriam condenadas como heresia, e cujo apoio à Onomatolatria certamente deveria ter acendido sinais de alerta), os recentes convertidos à Onomatolatria pela HOCNA continuam, sem cautela, avançando. [3]

Alguns defensores atuais da heresia da Onomatolatria citaram São Gregório Palamas como uma testemunha favorável à “teologia” subjacente à Onomatolatria. [4] Mas acontece que a visão real de São Gregório Palamas sobre o significado teológico dos nomes está registrada em seus Escritos Completos, e a opinião expressa por ele não pode, de maneira alguma, ser distorcida para oferecer qualquer apoio à heresia da Onomatolatria. Oferecemos esta citação para todos aqueles que ainda estão perplexos com o recente ressurgimento da heresia da Onomatolatria e que podem achar útil a declaração clara de São Gregório:

Gregoras [5] formulou a doutrina insana de que os nomes são as energias divinas.[6]

Longe de ser uma voz patrística convincente em favor da Onomatolatria, São Gregório Palamas, na verdade, destroi a base da heresia da Onomatolatria. E isso, por sua vez, levanta uma pergunta perturbadora sobre os atuais defensores da heresia da Onomatolatria: a questão de seus padrões éticos. [7]

Eles, em sua busca por uma vindicação teológica da heresia da Onomatolatria, estão dispostos a se envolver na ética duvidosa de “O Fim Justifica os Meios” – combinada com a visão eticamente cínica e teologicamente contraditória de que “Tudo bem mentir – se mentir servir aos próprios interesses?” Afinal, citar São Gregório Palamas como uma testemunha favorável à heresia da Onomatolatria – quando a visão expressa por São Gregório na verdade nega a heresia da Onomatolatria desde sua fundação – dificilmente pode ser considerada parte de uma discussão honesta.

Qual escola de vida espiritual já endossou tal coisa? Qual Padre da Igreja já advogou tal comportamento indigno?

Fica a perturbadora impressão de que os partidários da heresia da Onomatolatria devem muito mais ao evangelho de Maquiavel do que ao Evangelho de Jesus Cristo!

Afinal, como o Deus que é a Verdade pode ser servido por qualquer mentira? Alguém?

E, sobre essa mesma questão, é São Gregório Palamas quem, novamente, oferece uma palavra clara, coerente e convincente:

“Pois aqueles que pertencem à Igreja de Cristo pertencem à Verdade e aqueles que não pertencem à Verdade não pertencem à Igreja de Cristo [...] O cristianismo não é caracterizado por pessoas, mas pela verdade e pela exatidão na Fé.” [8]

Nenhum comentário adicional é necessário.

+Bispo Sérgio de Portland [9]

 

 

Notas de Rodapé

 

[1] A “Onomatolatria - Adoradores do Nome” (Name-Worshipping) foi condenada pelo então Patriarcado Ecumênico Ortodoxo sob o Patriarca Joaquim III de Constantinopla em 1912; seu sucessor, o Patriarca Germanos V, a condenou novamente em 1913 (Carta nº 758 endereçada ao Monte Athos, 15 de fevereiro). O Sínodo Russo a condenou em 1913 com base em uma revisão da Onomatolatria liderada pelo Metropolita Antonii (Khrapovitsky) (veja a Carta Sinodal de 18 de maio e o Decreto de 27 de agosto, nº 7644). Foi novamente condenada pelo Sínodo Russo em 1918, em um decreto assinado pelo Patriarca Tikhon de Moscou (+1925) e seu Sínodo. Note-se que as conclusões do Metropolita Antonii (Khrapovitsky) foram apoiadas por São Barsanuphius do Mosteiro de Optina e pelos monges do Mosteiro de Glinsk.

 

[2] Para uma análise do papel da HOCNA na ressuscitação da Onomatolatria, acesse https://onimyaslavie.blogspot.com/2012/09/analysis-of-statement-of-hocna-hierarchs.html.

 

[3] Para uma brilhante análise (entre outras coisas) da sofologia e da Onomatolatria, veja The Idea of Energy in the Moscow School of Christian Neoplatonism, pelo notável escritor russo contemporâneo Sergey Horujy. https://synergia-isa.ru/wp-content/uploads/2011/08/hor_idea_energy.pdf

 

[4] A melhor avaliação conhecida por este autor dessa alegação sobre São Gregório Palamas é o ensaio Smokescreens for Heresy (Cortinas de Fumaça para a Heresia), do Hieromonge Máximos (Marretta) do Mosteiro da Ascensão, Bearsville, New York.

 

[5] Gregoras foi um dos principais opositores gregos de São Gregório Palamas durante a brilhante defesa da Ortodoxia desse Santo diante de um grande ataque realizado principalmente por Barlaão de Calábria. Para uma discussão recente sobre a obra de São Gregório Palamas, com referências aos seus opositores, veja o capítulo 3, Hesychasm and Deification by Grace Through Union with Christ, em God Made Man and Man Made God, do Arcebispo Chrysostomos de Etna, Instituto de Estudos Bizantinos e Modernos Gregos, 2010. Gregoras é discutido nas páginas 79, 95, 101-104 e 127.

 

[6] “Mas Gregoras, pensando que este afirmava que a natureza divina precede as energias no tempo, dogmatizou insensatamente que os nomes são as energias divinas.” São Gregório Palamas, Discursos II, 28: 5-6, em Obras Completas [Συγγραμματα], volume 4, página 286, ed. por P. Chrestou, Thessaloniki, 1988. Agradecemos a Sua Graça, Bispo Demetrios de Boston (atualmente Metropolita-Eleito de Nova Iorque e Presidente-Eleito do Sínodo Eparquial da América do Norte da GOC), por nos enviar esta referência (encontrada pelo Hieromonge Haralampos do Mosteiro da Ascensão em Bearsville, New York).

 

[7] Veja também a referência citada acima na nota de rodapé 4.

 

[8] “Pois aqueles que pertencem à Igreja de Cristo são da verdade; e os que não são da verdade não pertencem à Igreja de Cristo... Pois não aprendemos a caracterizar o cristianismo por pessoas, mas pela verdade e pela exatidão da fé”. “Refutação da Carta do Patriarca Ignácio de Antioquia”, em Gregório Palamas, Obras Completas 3, Patéricas Edições Gregório Palamas, Thessaloniki, 1983, Seção 3: 5 - 11, p. 608.

 

[9] Este autor agradece uma série de sugestões que melhoraram o texto deste ensaio, entre elas Sua Eminência, Metropolita Demetrios de Nova Iorque, Primaz da GOC na América do Norte; Sua Eminência, Metropolita Moses de Toronto, Reverendos Padres Haralampos (via Metropolita Demetrios), Máximos e Ignatios - todos membros da Irmandade do Mosteiro da Ascensão em New York State. O autor reserva a responsabilidade exclusiva por erros para si mesmo.

 

Traduzido por Diego Augusto Passareli.

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"Sou um sacerdote ortodoxo e busco fiéis comprometidos com a Santa Fé, livres das heresias propagadas por aqueles que a desconhecem ou a deturpam intencionalmente. Como membro da Genuína Igreja Ortodoxa da Grécia, preservamos  fielmente a Santa Tradição e os Santos Cânones, incluindo as decisões dos Santos Concílios que anatematizam as alterações no calendário litúrgico. Seguimos a determinação do Concílio de Niceia sobre o Menaion e o Pascalion, bem como as resoluções dos Concílios Pan-Ortodoxos de 1583, 1587, 1593 e 1848."

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