Uma Resposta a Certos adeptos da Onomatolatria
- Paróquia Axion Estin
- 24 de mar.
- 4 min de leitura
Bispo Photios de Marathon

Recentemente, duas respostas a um determinado artigo publicado em Φωνή τῆς Ὀρθοδοξίας (Voz da Ortodoxia) em 2005 apareceram em um site russo. Esse artigo foi recentemente traduzido para o inglês e chamou a atenção dos adeptos da “Onomatolatria - Adoradores do Nome” (Name-Worshipping) na Rússia, que são desconhecidos para mim e que se consideram afetados por esse artigo. Eles chegaram ao ponto de se caracterizarem como seguidores do ensinamento de São Gregório Palamas (interpretando erroneamente os escritos dele) e, ao mesmo tempo, consideram qualquer um que se oponha ao erro da Onomatolatria como Barlaamitas (adeptos de Barlaão). Eles se assemelham aos Monofisitas, que, por um lado, chamavam a si mesmos de seguidores do ensinamento de São Cirilo de Alexandria e, por outro lado, chamavam os ortodoxos de Nestorianos.
Nós respondemos de maneira resumida aos principais pontos levantados pelos adeptos da Onomatolatria da seguinte forma:
1. Nosso artigo é baseado em fontes gregas e não em fontes russas. Só conhecemos os detalhes da condenação da Onomatolatria pelo Sínodo Russo por meio de fontes literárias indiretas e não pretendemos comentar os documentos da condenação russa dessa heresia. Pessoalmente, duvido da exatidão dos trechos apresentados pelos dois autores. No entanto, considero mais importante a condenação do Patriarcado Ecumênico (baseada no parecer da Escola Teológica de Halki), porque foram monges do Monte Athos os primeiros a proclamar a heresia da Onomatolatria. Além disso, foi um monge athonita quem primeiro censurou essa heresia e os conflitos começaram no próprio Monte Athos antes que os Adoradores do Nome fossem transferidos para território russo. Portanto, o Sínodo do Patriarcado Ecumênico tinha a responsabilidade de tomar uma decisão sobre essa questão. Não vamos investigar se a decisão do Sínodo Russo foi ditada pelo czar ou se o czar mais tarde mudou de ideia sobre como tratar os Adoradores do Nome. Não consideramos isso importante. Talvez os Adoradores do Nome tenham sido aceitos na comunhão sob certas condições, depois de declararem sua ortodoxia. No entanto, a medalha que o czar Nicolau concedeu ao ancião Kallinikos, o Hesicasta, que criticou duramente essa heresia, ainda está preservada no Monte Athos até hoje. Também é um fato histórico que o czar enviou um navio ao Monte Athos para remover todos os monges Adoradores do Nome. Portanto, temos razões para duvidar da exatidão das alegações dos Adoradores do Nome sobre a posição do czar-mártir Nicolau.
2. Certamente, o conceito de Divindade se refere tanto à essência quanto à energia de Deus. Isso não tem relação com a heresia da Onomatolatria. São Gregório Palamas não expressou crenças associadas à Adoração do Nome. Essas são ideias novas e afirmações arbitrárias. São Gregório Palamas, em sua epístola a João Gabras (e não "João de Gabras", como dizem erroneamente os escritores adeptos da Onomatolatria, que não sabem o que estão lendo e são ignorantes em grego), afirmou que não podemos separar o agente da energia e que a energia não é autossuficiente, mas que, sempre que mencionamos a energia, incluímos o agente. Deus é o agente nas energias divinas. Mas não esperamos que aqueles que nem sequer conseguem ler corretamente o título de uma obra compreendam seu conteúdo.
3. Reverenciamos os ícones por causa das pessoas neles representadas, não por causa das inscrições. As inscrições são necessárias para identificar as pessoas retratadas. No entanto, a reverência é oferecida às pessoas representadas.
4. Se fosse verdade a alegação dos Adoradores do Nome de que "a graça e a energia divinas estão criptografadas nos sons do nome divino", então poderíamos realizar sacramentos simplesmente reproduzindo gravações de orações recitadas pelo sacerdote! Os sacramentos não são realizados pelos sons das invocações divinas, mas pelas Pessoas a Quem as orações são dirigidas: o Pai e o Filho e o Espírito Santo, que possuem uma energia e uma essência comuns.
5. Mencionamos no artigo em questão que a heresia da Onomatolatria foi revivida principalmente entre os ortodoxos eslavos. Isso não é, de forma alguma, um comentário pejorativo em relação aos ortodoxos eslavos (como os autores sugerem), mas sim uma descrição da realidade de que é principalmente entre eles que esses debates e conflitos teológicos ocorrem. A ortodoxia de língua grega permaneceu (até agora) amplamente indiferente ao assunto. Após a condenação da heresia pelo Patriarcado Ecumênico em 1913, a questão foi considerada resolvida, e, atualmente, apenas acadêmicos, estudiosos e historiadores da Igreja demonstram interesse pelo tema. Por essa razão, há pouquíssimos artigos e livros sobre a Onomatolatria escritos em grego. Portanto, não consideramos que se trata de um caso em aberto.
6. Os autores caracterizam a questão como um "assunto teológico estrangeiro". De certa forma, eles estão corretos, pois a Onomatolatria é estranha à Ortodoxia. Que aqueles que estão fora do corpo da Igreja se enfureçam. O objetivo do nosso artigo era histórico e informativo, escrito por ocasião da "ordenação", naquela época (por volta de 2005), de um certo Adorador do Nome da Rússia por ex-clérigos depostos da nossa Igreja.
7. Os autores, alheios à educação grega e, evidentemente, com aversão à tradição hesicasta, pensam que entendem melhor o ensinamento de São Gregório Palamas do que o Justo Ancião Kallinikos, o Hesicasta, que criticou severamente a heresia e provocou a condenação sinodal da Onomatolatria. O Ancião Kallinikos, o Hesicasta, viveu uma vida eremítica, permanecendo fechado em sua cela por 40 anos, lutando com rigoroso jejum e oração. Ele foi considerado digno de contemplar a luz incriada e os monges que lhe obedeciam frequentemente viam seu rosto resplandecer. Ele faleceu em 6 de agosto de 1930 como um monge zeloso (desde o início condenando a inovação do calendário). Repetimos seu preciso axioma sobre os Adoradores do Nome:
"Eles deixaram a cabeça e adoram o chapéu."
Se os apologistas da Onomatolatria arrogantemente pensam que suas vozes têm mais validade do que a de Kallinikos, o Hesicasta, de abençoada memória; nós não acreditamos nisso. Pelo contrário, alinhamo-nos com a opinião deste Santo Ancião. Finalmente, consideremos as palavras de São Gregório de Nissa:
"Cessemos de desejar ser mestres dos mestres. Detestemos a guerra de palavras que destrói seus ouvintes. Creiamos como nossos Pais nos legaram, pois não somos mais precisos que os mestres." (PG 46, 1112A)
Atenas, 26 de janeiro de 2012Bispo Photios de Marathon
Sobre Kallinikos, o Hesicasta (em grego):http://www.ekklisiastikos.com/2009/11/blog-post.htmlhttp://evodiasosmin.blogspot.com/2011/11/blog-post_8945.html
Traduzido por Diego Augusto Passareli





Comentários