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Décimo Domingo de São Lucas

“A Cura da Mulher Encurvada”

(com um espírito de enfermidade)

Lucas 13: 10-17


Da explicação do Evangelho de São Lucas


pelo Beato Teofilato, Arcebispo de Ochrid e Bulgária (+1107)



10-17. E Ele estava ensinando numa das sinagogas em dia de sábado. E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade há dezoito anos; e andava encurvada, e não podia de modo algum endireitar-se. E quando Jesus a viu, chamou-a e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade. E pôs as mãos sobre ela, e imediatamente ela se endireitou e glorificava a Deus. E o chefe da sinagoga, indignado porque Jesus havia curado em dia de sábado, disse ao povo: Seis dias há para trabalhar; nestes, pois, vinde para serdes curados, mas não em dia de sábado. O Senhor, então, respondeu-lhe, e disse: Hipócrita, não solta cada um de vós no sábado o seu boi ou o seu jumento do estábulo, para conduzi-los a beber? E não deveria esta mulher, que é filha de Abraão, a quem Satanás tinha presa, há dezoito anos, ser solta desta prisão, em dia de sábado? E, havendo dito isto, todos os Seus adversários ficaram envergonhados. E todo o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas que eram feitas por Ele.



A mulher sofria desta aflição como resultado do ataque demoníaco, como o próprio Senhor diz: “Esta mulher, a quem Satanás tinha presa, há dezoitoanos”. Talvez Deus Se afastou dela por conta de certos pecados, e como resultado, Satanás estava castigando-a. Porque Satanás é, em parte, a causa de todas as dificuldades que afligem os nossos corpos, quando Deus nas alturas permite a ele. Desde o início foi Satanás que trouxe a nossa queda pela qual perdemos a incorruptibilidade em que tínhamos sido criados; foi Satanás quem causou-nos  estarmos vinculados a corpos doentes propensos a sofrer, simbolizados pelas vestes de peles mortas em que Adão e Eva foram embrulhados (Gn 3:22). Mas agora o Senhor, com a voz majestosa da Divindade, cheio de poder, expulsa a enfermidade dessa mulher. Ele coloca as mãos sobre ela, para que possamos aprender que sua santa carne transmitiu tanto o poder quanto a energia do Logos. Pois Sua carne era Sua mesma, e não a de alguma outra pessoa humana ao lado d’Ele, separado d’Ele em hipóstase, como o ímpio Nestório pensava. (1) Tão grande é a bondade do Senhor, que desta forma teve piedade de Sua própria criação. Mas Satanás, que tinha prendido a mulher em primeiro lugar, se aborreceu com a sua libertação porque ele desejava sua aflição contínua, e por isso ele vinculou o chefe da sinagoga com despeito, e através da boca deste homem, Satanás insultou o milagre. É assim que ele sempre ataca o bem. Portanto, o Senhor usa o exemplo adequado de animais irracionais para repreender o homem que estava indignado que uma cura teve lugar em dia de sábado. E, assim, não só este, mas todos os outros adversários de Jesus, da mesma forma, foram envergonhados pelas palavras de Cristo. Porque era insano dificultar a cura de um homem no sábado usando como pretexto o mandamento de que o sábado era um dia de descanso. Foi assim, que, mesmo enquanto as pessoas estavam regozijando-se com os feitos do Senhor, Seus adversários ficaram envergonhados por Suas palavras. Pois esses adversários, em vez de  unirem-se ao júbilo que seguiu Sua obra de cura, arderam de raiva porque Ele curou a todos. Mas a multidão, por ter recebido benefício de Seus sinais, regozijou-se e teve prazer nesta cura. Você também deve compreender esses milagres se referindo ao homem interior. A alma é encurvada pela enfermidade sempre que se inclina apenas para pensamentos terrenos e não imagina nada que é celestial e divino. Pode-se dizer que essa alma esteve enferma durante dezoito anos. Porque quando um homem é enfermo na obediência aos mandamentos da lei divina, que são dez em número, e é fraco em sua esperança no oitavo século, o século futuro, pode-se dizer que ele tem estado encurvado por dez e oito anos. (2) Não é que o homem que de fato “encurvou-se”está ligado à terra, e que sempre peca em desrespeito aos mandamentos, e que não olha para o século futuro? Mas o Senhor cura tal alma no sábado na assembleia da sinagoga. Pois quando um homem reúne em conjunto dentro de si pensamentos de confissão(“Judá”significa "confissão") e mantém o Sábado, isto é, ele descansa de fazer o mal, então Jesus o cura, não só pela palavra, quando Ele lhe diz: “Estás livre da tua enfermidade”,mas também pela ação. Pois quando Ele coloca as mãos sobre nós, Ele exige que aceitemos a energia de Suas mãos divinas para fazer em colaboração com Ele as obras de virtude. Nós não devemos estar satisfeitos em receber apenas aquela cura que vem por palavra e por instrução.




1. O herege Nestório, patriarca de Constantinopla 428-431 A. D., ensinou que o co-não originado Logos não foi concebido e não tomou carne no seio da Virgem, mas em vez disso foi unido a Cristo homem em algum momento posterior. Isto implicava que as duas naturezas de Cristo, a divina e a humana, não estavam unidas em uma hipóstase, ou seja, em uma só pessoa, mas em duas, e, portanto, não estavam verdadeiramente unidas. Se assim fosse, Cristo não teria realizado a salvação da raça humana. Como resultado Nestório chamou a Virgem MariaChristokos,isto é, a que deu à luz a Cristo, mas recusou-se chamá-la de aTheotokos,a que deu à luz a Deus. Esse falso ensinamento foi condenado como heresia no Terceiro Concílio Ecumênico realizada em Éfeso, no ano 431, e desde então Nestório e todos os que seguem seus ensinamentos estão fora da Igreja.



2. O texto grego do Evangelho expressa o número de anos deste modo:ete deka kai okto,"dez e oito anos”.





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"Sou um sacerdote ortodoxo e busco fiéis comprometidos com a Santa Fé, livres das heresias propagadas por aqueles que a desconhecem ou a deturpam intencionalmente. Como membro da Genuína Igreja Ortodoxa da Grécia, preservamos  fielmente a Santa Tradição e os Santos Cânones, incluindo as decisões dos Santos Concílios que anatematizam as alterações no calendário litúrgico. Seguimos a determinação do Concílio de Niceia sobre o Menaion e o Pascalion, bem como as resoluções dos Concílios Pan-Ortodoxos de 1583, 1587, 1593 e 1848."

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